segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Molassess: Through The Hollow (2020)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Não é novidade pra ninguém que tem surgido uma espécie de "revival" do rock dos 60/70, que como consequência gerou bandas legais pra caramba, tendo como maiores destaques Lucifer e Blues Pills, que curiosamente lançaram álbuns nesse ano de 2024.

Citei os dois grupos porque cada uma bebe de uma fonte: o primeiro é mais carregado e malvado e o segundo mais psicodélico. E sabem o mais legal disso? Tem uma galera que embora englobe o melhor das duas tendências, busca trilhar o próprio caminho: como os holandeses do Molassess.

Talvez o nome Molassess não soe familiar, mas muitos se lembrarão do The Devil's Blood, grupo que surgiu no início do século vinte e um,  chegando a soltar três fulls e alguns EPs, que terminou seu ciclo devido a morte de um de seus integrantes.

Coube a vocalista Farida Lemouchi em 2019 remontar o grupo, que conta com caras que tocaram em bandas como Astrosoniq, Birth Of Joy e Donnerwetter e aí nasce o Molassess, cujo fruto musical é o álbum Through The Hollow, que saiu na Europa via Season Of Mist e no Brasil pela Black Metal Store.

Apostando em climas ora macabros, ora viajantes e progressivos, o álbum se mostra uma grata surpresa, que chama a atenção pela qualidade dos arranjos, vozes suaves e narradas, além de um trabalho de guitarras diferenciado. O trabalho começa com a faixa título que em meio aos seus onze minutos, trilhamos por caminhos instigantes e um refrão hipnotizante. Get Out From Under une viagem e peso com uma levada contagiante, enquanto Formless Hands soa mais melódica que as anteriores.

Corpses Of Mind é uma das mais curtas do álbum, com cerca de cinco minutos, tem uma marcação de tempo interessante, onde aos poucos entram vozes etereas é cordas mais limpas. The Mazé Of Stagnant Timeé pesada e dançante, com referências do hard setentista e I Am No Longer é uma das músicas mais bonitas do disco. Densa e progressiva, possui vozes em camadas que soa como a trilha da nossa passagem a um bom lugar.

Death Is é bem psicodélica com guitarras de cair o queixo, enquanto Tunnel é um instrumental bem fúnebre. A saideira do disquinho fica por conta de The Devil Lives tem uma levada pop que envolve por completo, que em meio aos mais de dez minutos passa por momentos intimistas, perturbadores, até retomar o pique inicial.

Through The Hollow não é apenas um disco fantástico, mas é uma das bandas mais legais que ouvi nos últimos dez anos. Justamente pelo fato da banda soar original e criativa. Uma pena que não se tem notícias de novos trabalhos do grupo nas redes sociais. Vamos aguardar por novidades.

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domingo, 29 de setembro de 2024

Mötley Crüe: Mötley Crüe (1994)

Por João Messias Jr.
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Talvez essa seja a maior injustiça na história do rock/metal. Pois aqui tudo foi feito de forma correta e nos mínimos detalhes. Inclusive na escolha da nova voz do grupo. A história todos sabem, na década de 1990, o vocalista Vince Neil resolveu deixar o grupo para seguir carreira solo e coube aos remanescentes buscar por um cantor.

O escolhido foi o americano John Corabi, que havia feito bonito no The Scream não figurou apenas na função de intérprete, pois o recém contratado chegou compondo e sendo uma força motriz no que veio a ser o álbum auto intitulado do quarteto. E que álbum!

Apostando em uma música mais pesada, encorpada e com um toque contemporâneo, Mötley Crüe (o álbum) é um trabalho primoroso musicalmente, que conta com uma excelente produção, a cargo de Bob Rock (Metallica, Skid Row, The Cult), resultando em excelentes atuações musicais e canções primorosas.

Power to The Music é pesadíssima, onde Tommy Lee espanca suas peles de bateria, além de riffs excelentes e John mostrando a que veio. Uncle Jack mantém o peso, além de uma letra forte, que aborda abusos e pedofilia. Hooligans Holiday foi um dos vídeos de divulgação é um baita hit, aquele som contagiante. Bem pesada, várias "camas"de voz, e mais uma ótima atuação vocal.

Misunderstood foi outra faixa videocliptica. A primeira balada do disco. Começa bem acústica, com referências do southern, vozes a lá Beatles e quando menos se espera fica mais intensa, além de contar com a participação do vocalista Glenn Hughes. Loveshine é semi acústica com vozes e backings se fundindo em profusão.

Poison Apples é mais uma que flerta com os 70, muitas harmonias, refrão apoteótico, onde sugiro retirar os móveis da sala e se entregar a canção. Hammered é uma das mais pesadas e obscuras do álbum. Vozes melancólicas, riffs hipnotizantes que quando se vê, estamos cantando com os caras.

Till Death Do As Part é outra balada do álbum, que segue uma linha mais tétrica, enquanto Welcome To The Numb é mais próxima da fase Vince Neil, enquanto Smoke The Sky é visceral com algumas influências industriais que resulta na música mais agressiva do CD. 

Dropping Like Flies é outro ápice do álbum unindo momentos densos e pesados com uma guitarra bem marcante. Driftaway é saideira do disco. Uma balada inspirada de climas acústicos e viajantes que cola de imediato, sendo uma das melhores músicas não só da banda, mas do hard rock.

Musicalmente trata-se do melhor trabalho do quarteto, onde tudo foi feito da forma correta, canções esmeradas, além de terem contratado um excelente vocalista. Que infelizmente esbarrou nos fãs da banda, que talvez estivessem esperando uma continuação de álbuns como Dr. Feelgood, o que felizmente não foi o caso...

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sábado, 28 de setembro de 2024

Machine Head: Burn My Eyes (1994)

Por João Messias Jr 
Imagem: Divulgação 

O Pantera foi a banda que representou a renovação do thrash metal graças a álbuns como Cowboys From Hell e Vulgar Display Of Power. Isso é fato e o natural disso era que outros grupos trilhassem por esses caminhos. Uma delas foi o Machine Head.

Formado pelo guitarrista/vocalista Robb Flynn após sair do Forbidden, recrutou um time de músicos fenomenais como Logan Mader (guitarra), Adam Duce (baixo) e Chris Kontos (bateria), cujo resultado é o debut Burn My Eyes, que saiu via Roadrunner Records, uma das mais poderosas gravadoras de metal da época 

O álbum é dono de um thrash poderoso que conquista de imediato na abertura com Davidian. Dona de um clipe muito legal, uma dinâmica instrumental explosiva, além de uma levada de bateria que muitos copiaram.

Old começa com um groove cadenciado e muito peso (marcas registradas da banda), guitarras "apitinhos" e vozes limpas. A Thousand Lies vem como um trator e se destaca pelas vozes "rapeadas" e refrão hardcore. Nothing But My Own é mais densa, enquanto The Rage to Overcome tem um ritmo explosivo e com certeza incendiou muitas rodas de shows.

Death Church começa bem "confusa", graças aos climas industriais , A Nation Of Fire é melódica com passagens densas e um instrumental bem quebrado. Blood for Blood é um arrasa quarteirão, cujos vocais de Flynn ficam próximos aos pig squeals e I'm Your God Now é mais lenta e pesada.

Real Eyes, Realize, Real Lies possui muitas ambiências e vozes mais narradas, que abre espaço para Block, que encerra o álbum, dona de muito groove/peso, além de servir como uma transição do que viria a ser o segundo álbum do quarteto, The More Things Change.

Um excelente álbum que ditou os rumos do thrash nas décadas de 1990/2000.

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quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Cavalo Vapor: Cavalo Vapor (1997/2024)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação
 

No cenário do rock/metal nacional, tivemos inúmeras injustiças sobre bandas que poderiam ter conquistado mais, seja no metal extremo ou mesmo as que enveredaram nos caminhos do pop. 

Só que nada que se compara ao que aconteceu com o Cavalo Vapor. É fato que os caras são unanimidade entre os fãs de hard rock e os shows da banda serem concorridos e  impecáveis  Mas o fato é que os caras mereciam mais, muito mais. Só que uma nova luz veio para a banda recentemente: o relançamento do primeiro e único álbum da banda em vinil e CD via Classic Metal Records, que assim que saiu a pré venda do LP, tratei de adquirir o meu.

Graficamente estamos diante de um trabalho fabuloso, capa gatefold, papel de primeira, encarte duplo, com letras, além de um faixa a faixa feito pelo guitarrista do grupo, Luiz Sacoman e de uma das autoridades da música  no país, Ricardo Batalha, o que por si já vale o trabalho.  E as músicas?

Com uma nova remasterização, que deixou as faixas ainda mais "fortes e vivas", cabe a você, fã de música boa se deliciar com os sons. Como a abertura em Sem Escalas, um hino do hard nacional, com uma atuação de gala do vocalista Nando Fernandes, cujo timbre é forjado em caras  como Dio, Ian Gillan, Glenn Hughes e David Converdale.

O Rato e o Elefante Branco apresenta uma levada mais cadenciada e dançante, além da participação dos irmãos Busic (que também estão presentes na  primeira música) enquanto Epicentro começa com uma voz feminina, a cargo da saudosa Sylvinha Araujo e temos um som bem pesado e introspectivo. Antes Só conta com um solo de gaita feito pelo já citado Ian Gillan e entrega o que vira: uma faixa bluesy a lá Badlands, muito legal.

Conversa é outro Hard irresistível e encerra o primeiro lado do vinil no maior alto astral. No lado B, temos Ainda Pode Ser é bem inspirada no AOR e mostra a preocupação do quinteto em fazer um álbum variado. Já Fera Sem Faro é bem anos 80, enquanto Nômade começa bem mística e é uma ótima balada, que encerraria o track "original". Não tente fazer isso em casa é o "primeiro bônus" e mostra uma banda mais pesada e atualizada, sem abrir mão do lance mais grudento, enquanto Entre o Sim e o Não o peso prevalece, tendo vozes mais sombrias, além de uma letra interessante, que aborda pontos em comum entre os extremos.

Assim como Double Eclipse (Hardline), Cavalo Vapor teve como pecado ter sido lançado na época errada. Período que ninguém queria mais ouvir o estilo das plumas e paetês.  Nas primeiras linhas eu disse sobre a nova luz, certo? Pois bem, no mês de outubro, a banda estará se apresentando em sampa, com uma nova formação, lugar bacana e preço convidativo. Portanto, se for fã de hard e não conhece o som, procure ir, pois garanto a você que terá mais uma banda do coração, sem exageros.

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segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Sugar Kane: Continuidade da Máquina (2003/2023)

Por João Messias Jr.
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Resenhar o terceiro álbum dos curitibanos do Sugar Kane me faz lembrar o cenário musical do século 21, onde estilos distintos como o power metal melódico e uma corrente musical igualmente melódica, mas para os lados do hardcore/poppy punk/emocore vivia um dos seus períodos mais frutíferos.

Um dos nomes mais relevantes era o Sugar Kane, que no ano de 2003 soltou o álbum "Continuidade da Máquina", trabalho que duas décadas depois ganhou uma versão em vinil pelos selos Läjä Records e Forever Vacation Records.

Um trabalho que na versão bolachona ficou muito caprichada, vinil 180 gramas transparente, uma remasterização que deixou o som orgânico e pesado, tudo perfeito né? Claro que não, com tanta coisa feita, acabaram deixando passar algo inaceitável: a ausência de um encarte.

Tirando a leve decepção, vamos as músicas do trabalho, que começa com Janeiro, que mescla cordas limpas a vozes mais melancólicas, e abre caminho para Estou Cansado , que é bem visceral e hardcore, dona de riffs legais e uma letra inspirada. 

Por Vir já é na vibe do hardcore melódico, numa levada pra todo mundo cantar junto, enquanto Velocidade, que como o nome sugere, é bem veloz e empolgante. Correr ou Lutar é bem poppy punk, puro super bonder, alem de ter guitarras sensacionais.

Deixe os Sonhos é uma das faixa bônus da versão  LP, que é um som mais pesado, com guitarras bem legais, encerrando o primeiro lado do vinil. O segundo lado começa com A Máquina, dona de muito groove, onde nos contagiamos de forma imediata.

Minha Liberdade possui vocais mais agressivos e riffs que esbarram no metal tradicional. Meus Amigos tem um refrão melódico daqueles e Reviver possui jogos de vozes interessantes e um sincronismo instrumental que coloca muita banda prog no bolso.

Despedida é bem poppy punk que mantém as coisas nas alturas, enquanto Harmonizar possui um jogo legal das seis cordas e vocais viscerais. As faixas seguintes, Passo Errado e Sara Thompson são as outras faixas bônus, sendo que a primeira é um arrasa quarteirão com mais um show de guitarras e a segunda é curta e direta.

A banda passou por idas e vindas e recentemente fez uma tour comemorando duas décadas do álbum, além de ter soltando alguns singles, dentre eles Dormi no Chão, que conta com a participação de Badaui (CPM22).

Sou suspeito pra falar, mas "Continuidade da Máquina" é o retrato fiel de um dos grandes períodos dessa vertente musical, que teve nomes pra lá de relevantes como Street Bulldogs, Hateen, Fresno, Running Like Lions, entre outros.

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domingo, 22 de setembro de 2024

Amy Grant: House of Love (1994)

Por João Messias Jr.
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A minha história com a Amy Grant começa lá no final da década de 1980, com o clipe de Baby Baby, que rolava nos programas de clipes da época. Para clarear um pouco, a cantora fez um dueto muito bacana com Peter Cetera em Next Time My Fall.

E o álbum que será o assunto de hoje foi o primeiro que tive desta vocalista, que é até hoje um dos maiores nomes da música gospel. House of Love é o décimo primeiro álbum da carreira e mantém a linha do trabalho anterior, Heart in Motion, porém um pouco mais açucarado, o que não é ruim.

Bem produzido, o CD é um daqueles disquinhos que você ouve de ponta a ponta diversas vezes. O álbum começa com Lucky One que dá a deixa do que iremos escutar aqui: um louvorzão com jeitão pop e vozes "o fino da coisa". Say You'll be Mine é radiofônica e contagiante, enquanto Whatever It Takes já é mais emotiva.

A faixa título é mais gospel tradicional/soul e na verdade é um dueto com o seu hoje marido, Vince Gill (Eagles). The Power é digamos, mais moderninha, unindo uma batida mais dançante, cordas limpas, além de te conquistar por completo. Oh How The Years Go By é o primeiro cover do álbum, numa roupagem que ficou "a cara da Amy", sensacional.

O outro cover do álbum é Big Yellow Táxi (Joni Mitchell), que ao contrario do lance mais folk da original, a daqui é um "popão" de primeira. Helping Hand começa logo no refrão e nos arrebata de imediato. Polítics of Kissing é a que mais lembra o álbum anterior, unindo uma guitarra hard e uma atuação de mestra da cantora.

Love Has Hold on Me já é mais voltada ao louvor, assim como Our Love, que apesar de mais tranquilas, não deixam o nível cair. O final do álbum vem com a épica Children Of The World, que começa com voz/violão e vai ganhando outros instrumentos, onde somos guiados pela emoção e totalmente envolvidos.

Um álbum que beira a perfeição e três décadas depois, ele continua fantástico.

sábado, 21 de setembro de 2024

Tesla: Bust a Nut (1994)

Por João Messias Jr.
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Falar do Tesla é falar é comentar sobre uma das bandas mais injustiçadas do hard rock. A explicação mais plausível porque não viraram gigantes talvez seja por que eles são técnicos demais pra galera do hard e "normais" para a galera mais progressiva.

É até um  pecado julgar os caras dessa forma, pois o Tesla é uma puta banda e Bust a Nut um álbum excelente. Contando com uma excelente produção a cargo de Terry Thomas, o disco chama a atenção pelo mix de estilos. Além do hard, temos muito classic rock, southern, blues e pop, fundidos de forma homogênea.

O CD começa com The Gate/Invited, que após alguns segundos em que nada rola e vem algo pesado que você jura vir algo como Blue Murder. Mesmo com os dedilhados e partes acústicas. Já Solution só não descamba para o metal graças aos vocais de Jeff Keith, que canta horrores aqui.

Shine Away possui dedilhados,  vozes dramáticas e um ritmo denso que logo ganha peso e climas apoteóticos. Try So Hard define bem a complexidade dos caras. Esse som é bem southern e ganha um refrão pop daqueles. She Want She Want tem uma veia mais bluesy/setentista, além de um refrão digno da motown.

Need Your Lovin teve um clipe que tocou muito na MTV no ano do tetra. Engraçado e descontraído, o clipe fazia uma sátira aos clichês do estilo, além de ser uma música alto astral com um refrão perfeito. Action Talks é pesada e energética e Mama's Fool possui um ritmo mais quebrado, enquanto Cry é bem arrasa quarteirão com guitarras bem pesadas e timbradas.

Earth Mover trás de volta o pique mais setentista com muito groove e inspiradas camadas de voz, enquanto A Lot to Loose é aquele momento que todo disco de hard deve ter: uma balada mais "down". A melhor do álbum com mais uma bela atuação vocal e muita dramaticidade.

Rubberband possui um refrão de estádio lotado que contradiz com a calmaria de Wonderful World até chegar na alto astral Games People Play. Basicamente acústica e refrão açucarado, encerrando o álbum na estratosfera.

Um belo álbum pro curriculum, mas que como sabem, a maré não estava boa para o hard. A banda seguiu por algum tempo, deu uma pausa nas atividades e anos depois retomou as atividades que já resultaram e álbuns de estúdio e shows pelo globo terrestre, inclusive no Brasil.

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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Domus Dei Satanae: King Paimon (2024)

Por João Messias Jr.
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Apesar de ser uma banda nova, a expectativa para o primeiro full do Domus Dei Satanae era enorme. Afinal, trata-se de uma espécie de continuação do Spell Forest, grupo que em quase três décadas de estrada, pavimentou seu caminho no cenário do black metal nacional.

Depois de divulgar dois singles, no mês de agosto, o álbum."King Paimon" ganhou a luz do dia. Se havia alguma dúvida em relação ao Domus Dei Satanae, elas foram sanadas de forma positiva. Para aqueles que já eram fãs da sonoridade da antiga banda, a identidade musical não só foi mantida, como aprofundada.

King Paimon começa com Vows Funebris Essentia, que é uma espécie de rito satânico, que abre caminho para Serpents Leporem. Já conhecida por ser um dos singles do álbum, mostra as "reais intenções" dos caras: arranjos bombásticos/grandiosos, passagens épicas/melódicas, além de vozes que vão do canto gregoriano ao gutural. Nexus Carnale Et Odium começa bem gélida, com momentos gélidos e cadenciados. 

The Great Dominium é mais épica e proporciona uma espécie de transe ao ouvinte. Outra conhecida dos fãs é By My Sinister Hands que é bela e assustadora. Graças a predominância de teclados, excelentes guitarras e momentos celtas que beiram a perfeição. Já  Peregrinatione in Infinitum Psilocybe Cubensis é um interlúdio melódico com ares de evocação.

Nostra Sponte trás de volta o clima gélido, onde as mudanças de andamento chamam a atenção. Afinal, nada soa descosturado aqui. Temos passagens épicas e agressivas, além de um final bombástico. Quod Unum Ornatum Cum Ignis começa de forma assustadora e possui belas orquestrações, sendo outro ápice do álbum.

Peter Paimon é um interlúdio macabro e o álbum se encerra com a faixa título. Instigante e com vozes perturbadoras, que vai do brutal ao operistico, cuja mistura gera caos e desespero ao ouvinte, que ainda nos brinda com um final digamos, libertador.

É até injusto comparar com os trabalhos da antiga banda, mas o correto é dizer que, o Domus Dei Satanae tem tudo para seguir uma trajetória brilhante no cenário do black metal mundial, pois faz o que 90% das bandas não fazem: a busca pela originalidade. E de forma bem feita e convincente.

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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Leviæthan: D - Evil in Me (2024)

Por João Messias Jr.
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Foram exatos trinta e dois anos de espera para um novo álbum dos thrashers gaúchos do Leviæthan, que foi uma das bandas que mais ouvi na minha adolescência, em especial o álbum "Smile", lançado em 1990.

E a minha história com a banda não fica por aí. Cheguei a ver um show da banda nos anos 2000, numa apresentação única onde o vocalista Flávio Soares (responsável pelo baixo), apenas cantou, por estar com o braço engessado. Além deste que escreve pra vocês ter a capa do debut marcada na pele.

E passadas três décadas, o que esperar desse novo registro dos caras? Natural que soará bem diferente e felizmente pra melhor. As impressões iniciais já animam, desde o projeto gráfico, excelente, um slipcase com pôster e uma capa forte, uma ótima produção que não deve nada a dos grandes nomes do estilo.

Quanto ao som, o hoje trio continua afiado, com um som que evoluiu muito e está mais agressivo e mortífero, como ouvimos em Hell Is Here, que abre o álbum. Thrash Your Brain (nome de uma demo clássica da banda), que como o título sugere, invade o cérebro. Já Drugslave tem excelentes riffs, aquela batida seca e vocais caóticos. Recomendo usar um Bálsamo Bengue após ouvir esse som.

Lord of the Wars mantém a pegada agressiva com vozes desesperadoras. Humanimal aposta na velocidade, enquanto The Time Hás Come (Yours) apresenta riffs em cima de riffs e vozes "atropelando tudo", que remete o ouvinte aos primeiros tempos do grupo.

Demigod começa com uma levada inspirada na Bay Área e um ritmo mais cadenciado que achamos ser a hora do respiro. Ledo engano, pois a coisa vai ficando veloz e insana. Endless Lie é dona de uma levada bem trabalhada que depois ganha passagens que são necessárias mais doses daquele Bálsamo.

Já a faixa título é aquele momento que ganha o bangers, por ser aquele momento com cheiro de palco que abre caminho para a saideira do álbum, Darkside, que possui paradinhas mortais, bumbos velozes e um refrão arrebatador.

Um puta disco, que valeu cada um dos anos de espera. D-Evil In Me bate Disturbing Mind, de 1992 e fica no mesmo patamar do já citado Smile. Só não podem levar mais de três décadas para lançarem outro álbum.

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domingo, 15 de setembro de 2024

Cinderella: Still Climbing (1994)

Por João Messias Jr.
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É fato que para sobreviver no mercado, as bandas de hard rock tiveram de se reinventar e buscar novos caminhos para continuarem na vitrine. Só que no caso do Cinderella, nem se pode dizer que foi uma reinvenção, mas uma evolução natural, que já era sentida em trabalhos anteriores como Long Cold Winter e Heartbreak Station.

Só que em Still Climbing, a banda resolveu agregar mais elementos do country no seu Hard, deixando a coisa mais especial, que em nenhum momento soa forçada ou oportunista e digamos, só aperfeiçoaram o que já era bom.

Muito bem produzido, o trabalho marca a primeira mudança de formação no então quarteto. O baterista original Fred Coury deixou o grupo e quem fez suas partes foi o galático Kenny Aronoff, cuja pegada combinou co m o estilo da banda. 

O álbum abre com Bad Attitude Shuffle, que é um country virtuoso, com toques bluesy. All Comes Down já é mais pedrada com um ótimo trabalho de guitarras e muitos metais. Talk is Cheap chama a atenção pelas vocalizações contagiantes.

Hard to Find The Words é a primeira balada do disco que vai no estilo que contratou caras como Alan Jackson/Kenny Rogers, enquanto Blood From a Stone retoma o peso, com pontes e dobras inesquecíveis. Já a  faixa título é mais introspectiva e recheada de emoção, além de um uso bem vindo de slide guitar.

Free Wheelin é bem rápida e visceral que abre caminho para o ápice do álbum, Through The Rain, uma baladaça movida a voz e piano que aos poucos ganha outras nuances, onde a comoção è instantânea, enquanto Easy Come, Easy Go é aquele momento pegajoso do disco. Já  The Road Still Long é mais voltada ao country, soando mais emotiva, onde guitarras e violões se fundem de forma perfeita.

Hot And Borrowed é uma música gostosa, que te faz dançar e esquecer dos problemas, além de coroar esse belíssimo trabalho, tranquilamente o melhor álbum da banda. Como se foram três décadas, não custa sonhar com uma tour dos caras por aqui, levando esse cd na íntegra e outros sucessos.

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sábado, 14 de setembro de 2024

Alice Cooper: The Last Temptation (1994)

Por João Messias Jr.
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Se o amigo camisa preta contar apenas os discos solo, estamos diante do décimo terceiro trabalho da "Tia Alice" e quem acompanha o cantor desde os tempos do Alice Cooper Group, sabe da versatilidade do artista.

Desde os anos 70, período que viveu um dos seus ápices da carreira, passando por períodos incertos na década seguinte até retomar o topo com "Trash" (1989). A boa maré prosseguiu com o ótimo "Hey Stoopid" e encerrando essa espécie de trilogia hard rock o nosso objeto de estudo de hoje, "The Last Temptation".

Lançado no ano de 1994, o trabalho chama a atenção em especial em comparação com os álbuns citados acima, ele soa menos pesado e digamos, mais contemporâneo, antenado com os estilos que estavam em alta na época, no caso o grunge.

O álbum é ruim? De forma alguma, pois Alice é um cara que sabe como fazer ótimos álbuns. Impressões que dão as caras logo em Slideshow, faixa de abertura do disco, que é cheia de vozes grudentas e ótimos solos. Nothing's Free começa bem no jeito do ACG, que se  funde a uma levada mais densa e um ótimo refrão.

Lost In America foi uma das faixas de promoção do álbum, um puta hard contagiante que não deixa ninguém parado, enquanto Bad Place Alone começa bem pop dos anos 80 e descamba para guitarras pesadas e um refrão mais introspectivo. You're My Temptation começa bem "moderna" (grunge), mas com o jeitão que tia Alice sabe como fazer, encerrando muito bem o lado A do vinil.

O lado B começa com Stolen Prayer num primeiro momento sugere uma balada acústica e emocional. É meia verdade. Mas temos outros detalhes: é um som composto por Chris Cornell, que divide os vocais aqui. Unholy War é diferentona e esquisitona, porém com um refrão que não sai da mente e um bom trabalho de guitarras.

It's Me é outra faixa de promoção do álbum e é a melhor do álbum. Composição em parceria com a dupla do Damn Yankees, Jake Blades e Tommy Shaw é uma puta balada legal, puro grude, que refrão, que som. Cleansed by Fire é a saideira do álbum, que começa bem introspectiva e ganha peso em seu decorrer, numa levada mais cadenciada, próxima ao rock teatral que fazia nos anos 70.

Mesmo sendo inferior e menos pesado que  os anteriores, The Last Temptation é um ótimo álbum, ainda mais se levarmos em conta o que foi feito pela concorrência na época.

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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Gus Monsanto: Dandelions (2024)

Por João Messias Jr.
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Vocês já se acostumaram com algo que digo ao resenhar álbuns: é muito legal quando nos reparamos com artistas que buscam fugir das "forminhas de bolo". Pois não há nada mais chato para um crítico ver grupos/artistas remando conforme a maré.

Agora, falando no protagonista da resenha de hoje, o vocalista Gus Monsanto, foram oito anos de espera para o seu novo trabalho solo, desculpe a repetição, oito anos após o excelente "Karma Café", que veio "muito bem, obrigado" na forma de "Dandelions".

Pra quem não conhece o vocalista, podemos dizer que o músico carioca é um veterano no cenário. Desde o início dos 90 ele já estava no cenário com o Angel Heart (banda importante no cenário hard), nos anos 2000 mostrou seu talento na gringa em grupos como Adágio, Human Fortress e Revolution Renaissance, mas respeitando todos os trabalhos que o cantor fez, a sua carreira solo é o grande destaque.

Sabe o porquê digo isso? Porque ao ouvir Dandelions, é mais que perceptível que não houve a preocupação em seguir modas ou tendências, mas fazer o próprio som e o que temos aqui é um disco que ao mesmo tempo que soa contemporâneo soa fiel ao passado hard do cantor, o que aqui é maravilhoso.

Unbroken é a faixa de abertura do álbum e logo nos primeiros minutos já entrega o que ouviremos: vozes limpas/densas/ardidas, instrumental pesado e aquele refrão arrebatador. Imaginary Friends é o primeiro hit do álbum. Hard pesado, vocalizações cheias de feeling e um refrão puro grude. Polaroid é um interlúdio acústico.

O lado hard volta em Cavok, só que de forma acústica vozes ora potentes, ora melancólicas, tudo colando na mente, onde a vontade de ver as letras do álbum é instantânea. Serendipity trás de volta o pique mais acústico, só que de jeitão mais cinematográfico, com voz e cordas que você fã do estilo já sabe.

Stentorian transporta o ouvinte aos anos 80, um mix de hard/blues/soul onde há linhas de voz esganiçadas que grudam. Sem contar o solo que é digno dos guitar heroes do estilo. A faixa título é totalmente guiada pela emoção que lembra muito o gospel dos anos 60, onde é impossível não se emocionar. What Doesn't Killing Me é outro momento semi acústico de comoção imediata.

This Game é aquele momento que você para de fazer as coisas, tomar sua bebida favorita e apreciar essa música, contagiante,  emocionante, o ápice do álbum. Já Daizy Chain é um hardaço no melhor estilo cigarro Hollywood, naquela linha pesada/chicleteira. Naquele momento em que se pensa o seguinte: se não se emocionar ouvindo esse som, algo está errado com voce.

Waiting For a Sign dona de cordas limpas e uma levada mais bluesy, num momento mais introspectivo, onde parece que Gus está falando com o ouvinte. The Circus Left Town retoma o pique mais apoteótico com aqueles ingredientes que os fãs do estilo amam: vozes com dobras e para cantar junto.

Hypnotized é hardeira das boas com um refrão daqueles e como eu sempre falo: coroa esse belo trabalho, que assim como os já comentados do Amazing e Tellüs Terrör é candidato aos melhores do ano.

Gus Monsanto é daqueles caras que conseguiu algo que poucos músicos/grupos/artistas conseguem: ter DOIS discos excelentes na bagagem.

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terça-feira, 10 de setembro de 2024

Amazing: Highway to Paradise (2024)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

É inevitável, confesso que me emociono ao ficar diante bandas de hard rock, afinal, foi o estilo que me trouxe a música pesada e consequentemente, o underground. O mais legal é quando estamos diante uma galera que faz um som redondo e sem os erros do pessoal da sunset strip.

Falo dos brasilienses da Amazing, que já possui dezoito anos e antes do debut havia lançado um EP e alguns singles, o que faz do debut "Highway to Paradise" um álbum vencedor. Justamente por acertar no conjunto da obra: desde a capa matadora, produção excelente (ouçam os timbres do álbum) e claro, músicas que beiram a perfeição.

Hard Rock Life dá números iniciais ao álbum e já mostra aos ouvintes as reais intenções da banda: riffs bem anos 80, vozes contagiantes e um refrão daqueles. A faixa título é bem maliciosa e a sensação de dançar é quase instantânea, enquanto Heart Beat une momentos melódicos a outros mais apoteóticos.

E você deve estar pensando nas baladas, aqui ela é muito bem representada por Crying Baby, que não deve nada as músicas consagradas do estilo. Forbidden Fruit trás o lado mais agitado de volta com um refrão bem pesado e vibrante. Sex Machine é um hard com muita "pirotecnia" e muito de Van Halen.

Sober Up...When You Die, cantada pelo guitarrista Sir. Artur, mantém o pique festeiro enquanto Take It Or Leave It surpreende por digamos, começar direto com o refrão, com muitos coros, abrindo caminho para a saideira do álbum com Wings. A faixa é bem mais emocional com um que de Cinderella, totalmente guiada pela emoção e com um refrão mais épico que fecha de forma excelente o debut dos caras 

Olhando para trás, quando lá nos meus primeiros dias lia e relia reviews de bandas hard nacionais como Angel Heart, Skin Trade, Eterna (fase Shema Israel), Cavalo Vapor, Silent X-Rated, Dr. Sin e Ozone, vejo que estamos vivendo um novo momento promissor do estilo. Amém!

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domingo, 8 de setembro de 2024

Dream Theater: Awake (1994)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Quem viveu a década de 1990,  lembra do barulho feito pelo Dream Theater com Images And Words com o seu prog metal, que transitava com qualidade e naturalidade do thrash ao pop, como mostra os vídeos de Take The Time, Another Day e principalmente Pull Me Under onde posso dizer que fizeram um "estrago" por aqui. Aí eu pergunto: como manter o sucesso?

Os caras se esforçaram e chegaram perto em Awake, que apesar de manter a linha característica do quinteto, trouxe sutis e marcantes mudanças. Ao começar da produção, onde trabalharam com a dupla John Purcell/Duane Baron, que deixaram as coisas mais densas e pesadas, além de ter sido a primeira experiência do guitarrista John Petrucci com uma guitarra de sete cordas.

Resumindo: a banda ficou mais pesada, progressiva e menos pop, soando menos comercial, como escutamos na abertura em 6:00, que abre caminho para Caught in a Web, que em meio a fritação, recebe um refrão superpop/emocional naquele tipo de som que te envolve.

Innocent Faded começa com solos bem hard rock e linhas de voz mais densas e envolventes, enquanto A Mind Beside It Self é uma suíte com dois momentos: a instrumental Erotomania e Voices, que se destaca pelas complexidade e um refrão mais épico. The Silent Man é uma das faixas de promoção do álbum e é bem diferente das demais. É uma balada acústica com uma incrível atuação de James LaBrie, que usa tons mais graves.

The Mirror tem uma rifferama a lá Pantera com uma dinâmica instrumental interessante, enquanto Lie, dona de um vídeo bem legal tem um groove muito legal, além de muito jazz/soul. Lifting Shadows of a Dream começa bem pop , com um refrão que arrebata multidões. Scarred é dona de onze minutos, onde temos momentos pesados, virtuosos de forma homogênea.

Space Dye Vest, que encerra o álbum é totalmente sombria e emocional, onde temos predominância dos teclados e vozes mais densas de arrepiar.

Definitivamente não bate Images And Words, mas chega perto, embora seja necessário algumas audições para ser compreendido, mas resolvido esse "problema", estamos diante de um excelente álbum. 

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sábado, 7 de setembro de 2024

Testament: Low (1994)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

As coisas não estavam nada fáceis para o quinteto americano. Depois de álbuns como o mediano Souls Of Black (1990) e a tentativa comercial e excelente feita em The Ritual (1992), era o momento do quinteto fazer um disco marcante e que vendesse bem. Parte disso eles fizeram em Low.

Com algumas mudanças de formação, tendo James Murphy (Obituary, Death) na guitarra e Joey Tempesta (Exodus, The Cult) na bateria ao lado dos remanescentes Chuck Billy (vocal), Eric Peterson (guitarra) e Greg Christian (baixo), deixaram pra trás os tempos acessíveis e retomaram a fúria do thrash.

Sem se apegar ao passado e olhando o futuro, temos aqui uma banda atualizada, pesada e renovada, o que resultou num dos melhores e mais inspirados trabalhos da banda, que tem início com a faixa título, uma hecatombe thrash, além de ter um vídeo bem legal.

Legions (In Hiding), não deixa a peteca cair, mesclando virtuosismo e vocais beirando o death metal (algo que seria mais explorado em Demonic). Hail Mary é um dos "hits" do álbum e conta com um groove sensacional, além de uma levada mortífera, perfeita para os palcos. Trail of Tears é uma balada que nada tem de pop e é bem sombria.

Shades of War é absurdamente pesada com algumas passagens que lembram o passado glorioso. P.C. é mais cadenciada sem abrir mão do peso, enquanto Dog Faced Gods, outro clássico do álbum é veloz e feita para o banging. All I Could Bleeds possui uma rítmica frenética e incendeia o ambiente. Já Urotsukidoji é um instrumental que mescla momentos que vão do jazz a música oriental.

Chasing Fear tem umas "coisinhas diferentes" aqui e ali, além de um refrão bem oitentista. Ride já nas primeiras levadas da bateria já entrega: estamos diante de uma música mortífera que mete os pés em nosso peito. Last Call é uma espécie de "outro" que encerra o disco de forma caótica e diferente.

Lembra que eu disse que eles fizeram parte do que fora proposto? Pois bem, Low é sem dúvida um dos melhores trabalhos da banda, mas infelizmente ninguém queria mais ouvir thrash metal, a não ser que você fosse o Slayer ou o Metallica. Tanto que a fase ruim do Testament perdurou mais alguns anos, voltando aos holofotes somente no álbum The Gathering.

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sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Human: A New Perception (2022/2024)

Por João Messias Jr.
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Pelo nome, acredito que o camisa preta julgará ser uma formação que tem inspiração no Death, do mítico Chuck Schuldiner. Felizmente, o som da banda baiana vai na linha oposta e soa como uma agradável surpresa.

São 17 anos de caminhada e esse é o segundo full dos caras, que originalmente fora lançado virtualmente em 2022 e recentemente teve sua versão fisica disponibilizada via Som do Darma.

Musicalmente, o quarteto investe num mix de referências que vão do heavy tradicional, grunge, stoner e alternativo, que soa bem contemporâneo e diferente do que rola por aí. Influências que logo dão as caras em Clay Ídols.

A Call For The Wild é inspirada no hard rock, tendo linhas de voz mais densa, além de riffs cadenciados que te "ganham". On The Way to Madness é mais lenta e emocional, enquanto Unbroken Sun mescla peso e vocalizações mais introspectivas.

A faixa título começa bem acelerada, mas è só o início, até retomar sua linha mais característica. Já Sea of Sensations é uma balada guiada pela emoção. Magic Key é um momento instrumental que abre caminho para a última faixa do disco: Infodemic que se caracteriza por vozes mais dramáticas e instigantes.

Um ótimo trabalho do quarteto, que além da qualidade, chama a atenção por fazer um som diferente dos seus colegas de região, o que sem dúvida é um diferencial. Agora é aguardar os próximos passos da banda, que recentemente passou por algumas mudanças de formação. Que a galera que entre, mantenha a vibe.

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segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Beyond Chaos: Fanaticvs Sanctvs (2023/2024)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação
 

Talvez por nome você não conheça o som dessa one man band, mas se for fã de death/black com uns "temperinhos a mais", o Beyond Chaos é uma banda que deva conhecer. Capitaneada pelo multi instrumentista Thiago Alboneti, mente de outras formações como Chaotic Desolation, Funeral Dawn e Infinity of Thoughts) conseguiu um grande feito em sua empreitada.

Depois de ter lançado no ano de 2023, "Fanaticvs Sanctvs" ganhou uma versão física via UBL (Union of Black Labels), que é a junção de diversos selos da música extrema nacional que tornou isso possível. O que vejo como positivo, pois dessa forma o som do Beyond Chaos ficará mais "nichado" no segmento das vertentes mais agressivas do metal.

Mesclando death/thrash/black metal, referências como Krisiun, Rebaelliun e Dark Funeral saltam aos olhos, mas o som da banda oferece muito mais. Como a faixa título, que bebe na fonte dos estilos citados, só que com um "molho" de teclados, que deixa tudo ainda mais caótico.

The Emperor é mais direta e agressiva sem perder o clima de caos, enquanto Unheard Screams é mais densa e cadenciada. Já Legacy of Sin começa com um groove inspirado em nomes como Gojira, que logo volta a linha característica do grupo.

The Unseen Agony é trabalhada/intrincada com um "Q" de Testament e Morbid Angel, ou seja, não tem como dar errado. Carnage's Embrace vem como um rolo compressor em nossa direção e Vortex of Torment é brutal com alguns momentos melódicos e progressivos.

A reta final do álbum vem com Makevolence Within (The Damned Asylum) recebe outra referência muito legal: as trilhas de filmes, que a cada audição ficam mais latentes. A Souls Redemption tem um pique mais thrash e alto poder mortífero e The Cult of Despair, a saideira do álbum é dona de um pique instigante e encerra o trabalho com um clima perturbador.

"Fanaticvs Sanctvs" é um trabalho que a galera da música extrema deveria conhecer, além de constatar que o nosso cenário "vai muito bem, obrigado".

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https://youtu.be/4Nj-n8-Teh0

domingo, 1 de setembro de 2024

Calvary Death: Jesus Intense Weeping (1994)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Meu amigo camisa preta, você já comprou um disco pela capa ou quis conhecer uma banda pelo nome? Entrei nesse assunto por que lá pelos idos da década de 1990 (início da minha caminhada no metal), era um leitor assíduo de revistas como Rock Brigade, em especial por causa da sessão de demos. Nessas lidas, uma banda, ou melhor, um nome me chamou a atenção: Calvary Death.

Era a resenha de uma demo chamada Sacred Witch Blessed, trabalho que abriu caminho para o debut, que tem um nome no mínimo impactante: Jesus Intense Weeping, cuja capa é uma das mais belas e assustadoras feitas até hoje. 

Só pelos dois parágrafos creio que mostrei a vocês como é o lance de adquirir material pela capa e pelo nome do grupo. Mas garanto a vocês que o principal ainda está por vir: o som. Embora atuasse naquela pegada death/thrash de pegada mineira, o quarteto buscava fugir um pouco disso, você ouve aqui momentos mais trabalhados, quedas para o doom e vozes tentando fugir dos urros, berros e gritos mais tradicionais.

Sacred With Blessed é o primeiro ataque do álbum, que começa com uma pequena sátira, que logo vira uma pancadaria com bateria na velocidade da luz e os vocais, que soam mais "robóticos", além de guitarras bem legais. Penetrating in The Eternal Frost, é veloz e possui ótimas variações, enquanto Scum é puro death/thrash perfeito para o mosh.

A seguinte, The Fall Of Lucifer apesar do início mais calmo, é mais um momento esmaga crânio do álbum, só que com muita coesão e morbidez. I'm Spiring é bem violenta, enquanto Reborn From Hell une todas as características do álbum.

Spiritual Suffocation é um dos ápices do disco graças as passagens que beiram o technical death metal e um show de guitarras. Predicting The Death começa acústica e logo se transforma em pura pancadaria. Baptism of Blood é mais influenciada pelo thrash, enquanto a faixa título é o último ato do track normal do álbum.

A partir de agora entramos nos bônus do álbum, que começa com uma intro que não acresce muita coisa. Já Immortal Símbols (grafado errado no encarte) aponta caminhos ainda mais técnicos, enquanto Cursed Be é instigante e viciante graças ao refrão que é simples, porém arrebatador.

Gritos da Boca do Inferno é mais doom e climática e Sanctuary of the Ethereal Pain é perturbadora e nos brinda com um final msis tétrico e climático, encerrando esse belo registro do metal mineiro.

Alguns anos depois, os caras lançaram outro álbum, Serpent, encerrando suas atividades em 2012, ano em que o vocalista/guitarrista Ruddy Souza deixava este plano.

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Dirty Grave: Sin After Death (2019/2024)

Por João Messias Jr. Imagem: Divulgação   São onze anos de estrada deste trio, que começou as atividades no interior de São Paulo e hoje est...