sábado, 31 de agosto de 2024

Tyketto: Strenght in Numbers (1994)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Nesses textos, que irão a rede nos domingos, eu peço desculpas a vocês, pois todas as resenhas não terão o aspecto jornalístico a frente, mas sim relatos de um fã apaixonado por música, pois cerca de 90% das músicas desses "papos dominicais" foram trilhas da minha vida em algum momento.

E nada mais justo do que começar falando do estilo que me abriu portas para o universo do rock/metal: o hard rock, em especial sobre uma banda que merecia muito mais: o Tyketto, que num primeiro momento ficou conhecida por causa de seu vocalista, Danny Vaughn, que anos antes fez parte do Waysted, cuja música Heaven Tonight tocou muito por aqui.

Embora tenha iniciado as atividades no fim dos anos 80, ficou conhecida na década seguinte, mas assim como muitos nomes do estilo, ganhou uma espécie de "maldição", pois nos anos 90, ninguém queria mais saber do estilo e as resenhas eram execráveis, como a resenha do Vitão Bonesso (Backstage) para a Rock Brigade.

Não dá pra dizer se tratar de uma injustiça, até por que uma resenha é nada mais do que uma opinião, mas, na verdade Strenght in Numbers merecia melhor sorte. Ao começar da bela capa e produção, que ficou a cargo de Kevin Elson, que tem no currículo álbuns como "Lean Into It" (Mr. Big) e The Final Cowntdown (Europe).

Fazendo um hard mais maduro do que o feito nos anos 80, o álbum começa com a faixa título, que é pesada, com um refrão envolvente, que se destaca pelo nível técnico dos músicos, além de um trabalho de guitarras diferenciado. Rescue Me é o primeiro grande hit do álbum. Com riffs irresistíveis e uma aula vocal, onde se imagina um "cantem comigo", sendo prontamente atendido.

The End of Summer Days é um momento mais suave. Uma semi balada totalmente introspectiva e emotiva. Ain't That Love é totalmente Beatles, só que com o peso/malícia do hard e vozes potentes. Outro aspecto que deixa a canção ainda mais especial são os teclados, executados por Paul Mirkovich (Nelson).

Catch My Fall é uma das melhores do álbum. Começa bem "baladinha", mais densa que as anteriores, feita para cantar junto, com um refrão que te envolve por completo. The Last Sunset é mais acústica, enquanto All Over Me viaja pelas escolas mais antigas do rock, onde é possível dançar graças as linhas de baixo. 

Write Your Name in The Sky é outro som que te prende, enquanto Meet Me in The Night é o auge do álbum. Com jeitão de trilha de novela, se destaca pelo dueto acústico/elétrico das seis cordas, além das vozes poderosas. Why do You Cry  possui pegada mais bluesy, enquanto Inherit The Wind é puro hard, cheia de passagens mais elaboradas, com vozes instigantes e canastronas.

Standing Alone é uma espécie de bônus do CD. Originalmente parte do debut Don't Come Easy, vem remasterizada e que assim como todo o álbum fosse lançado em 1989, teria sido sucesso.

Um dos melhores álbuns do ano do tetra, só que assim como Double Eclipse (Hardline), Backlash (Bad English) e Badlands (Badlands) não receberam o merecido carinho dos críticos/fãs de música. Só que olhando a coisa pelo lado bom, se tem alguém falando desse disco três décadas depois, ele possui um legado inestimável.

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sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Little Quail and The Mad Birds: Lirou Quêiol ende Méd Bârds (1994)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Para quem acompanha o canal desde o início, lá em 2020 e este blog desde fevereiro de 2024, trata-se do auge de ambos os veículos, onde para celebrar resolvi fazer um especial do ano de 1994, que assim como a década de 1990 foi muito importante na renovação do cenário musical, que também ficou marcado por ser o ano do tetra, a partida do piloto Ayrton Senna e o surgimento do Plano Real.

E como o assunto aqui é música, resolvi neste mês de setembro falar semanalmente de dois álbuns deste ano agridoce. Só que seria muito simples "jogar" os álbuns sem uma premiere, como nos cinemas e explicar o motivo do especial.

Com tudo explicado linhas acima, a nossa especial com uma banda que fez muito barulho e que infelizmente não alcançou o sucesso de seus conterrâneos, o Raimundos. Falo do Little Quail and The Mad Birds, que surgiu no final da década de 1980 e que fazia um mix interessante de psychobilly, jovem guarda, punk rock, muita irreverência e muito bom humor.

Após uma demo elogiadíssima na Rock Brigade (termômetro para as bandas na época), era hora do primeiro álbum, "Lirou Quêiol ende Méd Bârds, que foi uma estreia em grande estilo. Produzido pelo saudoso Carlos Eduardo Miranda, o Miranda e lançado pelo recém criado selo Banguela, o álbum é um convite ao pogo do início ao fim, com muita energia e um clima debochado. A versão de avaliação é uma reedição em vinil (bonita pra cacete) feita pela Fuzz On Discos em 2022.

Características que aparecem logo em Stick Car que abre o vinil, que é a adaptação de um conhecido jogo de videogame, que abre caminho para 1,2,3,4 , totalmente visceral e beirando o hardcore. Berma is a Monster é dona de uma levada sensacional, feita pra dançar.

Familia Que Briga Unida, Permanece Unida é um dos maiores hits da banda, desde o tempo das demos, além de um clipe bem legal. Samba do Arnesto é uma releitura da música do Adoniran Barbosa (aquele da Saudosa Maloca), que ficou sensacional.

Baby Now é bem veloz e visceral, com muito da new wave dos anos 80, enquanto O Sol, Eu Não Sei é aquele momento de respiro, pois é mais pesada/cadenciada e até escrachada. Mamma Mia é uma viagem na surf music, com uma letra nada a ver na verdade.

Cigarrete é bem pesada e com um bom uso de metais, que dá um ar mais ska a canção, sendo uma das melhores do trabalho. O lado B inicia com outro hit dos caras: Essa Menina, que rolou muito na época. Bem grudenta, cuja letra que com certeza seria censurada pelos lavradores de hoje.

Azar Numa W3 é um instrumental bem sujo e aponta um mix perfeito de jovem guarda com o punk rock. Aquela é aquele tipo de som que representa o cenário musical dos anos 90: cheio de novidades e novas nuances. Silly Billy é puro punk e Bom Bom mantém as coisas aceleradas por aqui.

Sex Song é um momento atípico do LP, pois é voltada ao country/Bluegrass, cuja "letra" é um casal declamando um momento íntimo. Pump Up The Bird (nada a ver com o Technotronic) é só uma zoeira musicada, que encerra o track list normal da bolachona.

Essa versão apresenta dois bônus: Lembrança de Uma Saudade é um instrumental, uma espécie de "Lost Tapes", visto que a qualidade da gravação é bem inferior e uma "Areobic Version" para 1,2,3,4 , que é uma versão ao vivo no ritmo de aeróbica.

Um trabalho excelente, que reflete muito bem o espírito da época, o de novidades e nesse quesito, o Little Quail cumpriu muito bem o seu papel. Os caras soltaram mais um álbum em 1996 e logo encerraram as atividades. Com o tempo, os caras foram para outros grupos, como o baterista Bacalhau, que hoje está no Ultraje a Rigor e o guitarrista/vocalista Gabriel Thomaz, que está no Autoramas.

Para os fãs do grupo o bom é saber que esporadicamente o trio sempre se reúne para algumas apresentações. Vai que numa dessas não rola disco novo....vamos torcer!

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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Aske: Vol.II (2023)

Por João Messias Jr.
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Uma resenha nunca é igual a outra. E confesso que as vezes ser pego de surpresa é algo que faz valer o dia. Como na audição do segundo álbum desse duo de São Carlos, que já tem uma boa caminhada no cenário do underground.

Vendo a inspiração da capa, temos a impressão que virá pela frente um álbum de black metal tradicional, como os clássicos Black Metal (Venom), Bathory (Bathory) ou mesmo o nosso Immortal Force (Mutilator). Só que para a nossa alegria somos transportados para uma viagem que embora ríspida, pesada e agressiva, é cheia de nuances.

Impressões que aparecem logo em Sinner, que é pesada e cadenciada, com solos hipnóticos e linhas para cantar junto. No Soul to Sell é veloz, metendo os pés no nosso peito,  enquanto Music Knows to Allegiance  começa bem direta e possui vozes mais quebradas.

Represente Satanás como o título sugere, é em português e os caras se saem muito bem cantando no idioma pátrio. The Origins Of Satan começa com cordas limpas e vai ficando cada vez mais instigante. Royalist tem levadas marciais e nos leva a mente um julgamento com o veredito (óbvio) da condenação.

A Bruxa e o Cardeal é mais sombria, alternando partes diretas a outras mais introspectivas, além de ter partes cantadas em português e italiano. Eva (Tears Of Sodom) é inspirada no espírito oitentista, enquanto The Woodcutter flerta com o death metal melódico. 

O álbum se encerra com Pazuzu (Lost into a Valley of Rot), que possui um groove hipnótico muito legal, ótimas linhas de baixo e climas que vão do metal da morte ao industrial mais soturno.

Aske II é daqueles trabalhos que se destacam pelo todo. Da apresentação (capa) até a execução das canções que agradará todos os fãs de metal, exceto os que pararam no ano de 1984.

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segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Hell Konfessor: Hell Konfessor (2019)

Por João Messias Jr.
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Essa resenha meio que caiu no meu colo, por ser na verdade um pedido de um inscrito no canal. Levou algum tempo, mas fui atrás do trabalho e com os atrasos dos correios e por ter comprado o CD em uma loja no sul do país levou um pouco mais de tempo. Meses depois a resenha está nas linhas abaixo.

Na parte de decifrar e ouvir o material, algumas surpresas, pois ao checar o álbum, vi que os caras fazem/faziam parte de grupos como Excommunication, Ocultan e Triumph. Mas não acabou, a produção foi feita pelo amigo Victor Prospero e o lançamento foi feito pelos selos Black Seal Prod. e Obscure Chaos Distro, ou seja, tudo em casa.

Após essas digamos, boas impressões, vamos ao som, e aí é que temos outra surpresa boa, pois os caras buscam reviver os climas gélidos da segunda onda do black metal (Escandinávia), só que do jeito brasileiro, com muita criatividade e personalidade.

Elementos que aparecem até no track do álbum com a intro When The Wolves Reign The Land Of Lambs, que é um poema declamado, com teclados fúnebres, que abre caminho para a faixa que nomeia o grupo, outro interlúdio assustador. 

Só que é a faixa Inferno Astral mostra a real intenção dos caras: um som gélido e impiedoso, só que feito de forma mais cadenciada e envolvente, em especial as vozes, extremamente perturbadoras. Consternation começa bem violenta e caótica, onde é evidente a busca pela personalidade própria, sem cair na barulheira desenfreada, dando de 10 a 0 em muita coisa considerada clássica nacional e internacional.

Shadows in Your Cremation é mais um interlúdio do disco, enquanto Hill Of Lost Souls vem com os pés no peito do ouvinte, com direito a algumas vozes que faz vir a mente uma batalha espiritual. Speaking "Alone" In Ancient Linguagem vem com teclados fúnebres e é outra declamação do grupo as suas crenças. 

In Constant Devotion é mais um interlúdio desesperador. A saideira do álbum vem em Vulto Noturno, que é a mais diferente do material. Mais trabalhada e com elementos que vão do death metal ao Black Sabbath, que somadas ao poder maléfico do trio, transporta o ouvinte ao caos.

Mais uma grata surpresa vinda do nosso underground, e o mais interessante disso tudo, é que ao meu olhar e pelos envolvidos, foi uma ação entre amigos.

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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Rush: Countemparts (1993)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Um dos objetivos quando criei o canal do YouTube e por consequência esse blog foram ferramentas para continuar ativo no cenário do rock/metal e (talvez a mais importante) ampliar o meu vocabulário musical. Além de falar sobre estilos que amo, ter a oportunidade de tecer algumas palavras sobre outras praias.

Já falei de reggae (Cidade Negra/Skank), música nordestina (Banda Reflexu's) mas confesso que falar de um dos ícones do rock progressivo deu aquele frio na barriga. Ainda mais se tratando de um dos maiores ícones do estilo: os canadenses do Rush. Não que eu não tenha conhecimento sobre o som dos caras, pois já falei deles na Roadie Crew e gosto demais de álbuns como Test for Echo, Vapor Trails, Power Windows e Fly By Night.

Com essa bagagem, era o momento pra falar de "Countemparts", décimo quinto álbum do trio lançado em 1993 que apontava novos caminhos. Com a banda abandonando cada vez mais a sonoridade moldada por sintetizadores e buscando algo mais orgânico e direto (reflexo do cenário musical da época). Proposta que ganhou corpo na produção de Peter Collins (Suicidal Tendencies, Stray Cats) e a capa, que sintetiza bem os anos 90.

Mas e o som? Com faixas na média de 4 a 6 minutos, temos uma audição agradável, que agradará antigos e novos fãs, como podemos ouvir logo de cara em Animate, que mostra as características básicas da banda: a quebradeira e as vozes anasaladas de Geddy Lee, além de soar bem pesado. Stick It Out é sensacional e possui um refrão de impacto num mix de hard rock e grunge. Out to The Chase começa lenta e com vozes discursadas e une fãs das antigas a outros contemporâneos. 

Nobody's Hero (que tocou bastante nas rádios daqui) è o típico hit: começo acústico, vozes limpas e um refrão arrebatador, além das orquestrações, que deixaram tudo mais denso. Between Sun & Moon é pesada e grudenta em mais um belo refrão, além de riffs puramente influenciados pelo rock dos 60/70. Alien Shore é mais um momento que conecta as fases da banda, enquanto The Speed Of Love è mais uma com jeitão de hit.

Double Agent é densa, melódica e vai ganhando momentos instigantes e muitas quebras de ritmo,  me fazendo refletir porque não falei dos caras antes. Leave That Thing Alone é um instrumental envolvente, com jeitão trilha de filme e muito pesada. 

Cold Fire é aquele som que se imagina o Geddy Lee falando nos shows "vocês estão cansados?" ,onde temos o ápice do disco: um hard certeiro com muitas camas de voz. Everyday Glory é uma faixa que mescla ares de trilha sonora com muito peso e linhas mais melancólicas, encerrando esse belo álbum.

Difícil dizer se é o melhor trabalho deles, até porque o Rush teve diversas fases, mas o que vale dizer é que "Countemparts" vale muito a pena escutar de ponta a ponta.

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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Debbie Gibson: Body Mind Soul (1993)

Por João Messias Jr.
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Os quarentões e cinquentões vão se lembrar de quanto a cantora Debbie Gibson (ainda garotinha) emplacava sucessos como Lost in Your Eyes em trilhas de novelas globais e, aos 21 anos fez muito marmanjo chorar com sua apresentação no Rock in Rio em 1991, edição que entre outros, teve New Kids on The Block e Dee Lite.

Todo esse sucesso veio emplacado por álbuns como Out of the Blue, Electric Youth e Antthing Is Possible, todos com momentos bem legais. Porém, não suficientes para manter a cantora no topo. Visto que os anos 90 se caracterizaram por dar uma renovada no cast de artistas, onde infelizmente Debbie entrou no "facão".

Lançado em janeiro de 1993, "Body Mind Soul", quarto álbum da cantora marca uma espécie de ruptura, que prefiro chamar de maturidade, onde, sem perder o charme e encanto dos primeiros dias, agregou novas nuances em sua música, que musicalmente soa perfeito e que agrega diversos públicos.

A faixa de abertura do álbum, Love or Money que, apesar do pique dançante já mostra um pouco dessa mudança, em especial em algumas "camas" de voz. Já Do You Have It In Your Heart é onde a transição realmente é sentida, onde Debbie realmente mergulha no soul/R&B, em vozes envolventes e uma letra digamos, profunda.

Free Me é o primeiro ápice do disco. Com referências do house/hip hop, é feita pra dançar, com várias "pontes" antes de chegar no refrão apoteótico. Shock Your Mama, dona de um clipe bem legal, é mais uma que sugere tirar os móveis da sala e chacoalhar o esqueleto. Losin My Self já é mais "sombria" e muito legal que lembra muito as músicas "lentas" do rap dos anos 90. 

How Can This Be mostra a mão boa de Debbie nas baladas, sua marca registrada. E aqui temos uma das mais belas de sua carreira. Pianos marcantes e vozes guiadas pela emoção. When I Say No é mais um momento de mexer o corpo, assim como Little Birdie, que se torna ainda mais especial pelas camadas Soul bem sacadas.

Kisses 4 One mantém o pique dançante com muito groove e vozes grudentas (ouça o refrão), onde nem é preciso dizer que ficou magistral. Tear Down These Walls é uma das melhores músicas da cantora, pela façanha de unir os primeiros tempos de Debbie com um refrão mais épico, num instrumental onde muitas coisas acontecem.

Goodbye é uma balada emocional que é guiada "apenas" por voz/piano/teclado que foi feita para comover o ouvinte, encerrando o álbum de forma magistral, fazendo desse trabalho o melhor da carreira da moça até hoje.

Como disse linhas acima, o álbum não foi bem nos principais charts, apenas no mercado asiático. Mas Debbie quando percebeu o declínio da carreira musical, atirou em diversas frentes. Atuou como atriz, musicais, posou para a playboy e é bem ativa nas redes sociais até hoje.

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sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Amen Corner: Written by the Devil (2024)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Falar do Amen Corner é evidenciar sobre uma das mais emblemáticas e representativas bandas de black metal do Brasil, que desde o início de sua caminhada, na década de 1990, sempre figurou no hall das maiores e melhores bandas do país.

Quem acompanha o trabalho dos caras, sempre capitaneada pelo guitarrista Murmúrio e o vocalista Sucoth Benoth já sabe o que esperar, aquele som mais cadenciado com vozes em narrativa, como um contador de histórias e neste novo opus, a pegada continua intacta, ou seja, 1000% Amen Corner.

Porém, o que chama a atenção aqui é que para a promoção e divulgação do trabalho, o hoje quarteto buscou algo diferente. Fugindo dos selos mais tradicionais do estilo, optou por um parceiro menor, que dará mais suporte e prioridade, a Metal Army (curiosamente da mesma cidade da banda, Curitiba), que já fez bonito lançando o material em CD e vinil, e este último formato é o artefato avaliado na nossa resenha.

O lado A do LP (muito bonito por sinal), começa com uma intro que mostra toda a devoção do grupo com as artes negras e abre caminho para The War of Antichrist, que vem na linha que consagrou a banda. Riffs pesados/cadenciados e vozes cruas e transbordando ódio. The Protectors é bem oitentista e é dona de partes mais lentas e mórbidas (beirando o doom) que ficaram sensacionais.

Fall and Ascencion possui vozes agonizantes e soa mais ritualistica que as anteriores, encerrando o primeiro lado do bolachao. Signal From Beyond inicia o outro lado do LP com um ritmo cavernoso, inspirado nos pais da coisa toda (Black Sabbath), até ficar um pouco mais visceral. Inferno é mais direta e pesada, além de linhas melódicas instigantes,  evidenciando o talento do guitarrista Murmúrio, que coloca muita dupla das seis cordas no bolso.

A faixa título soa como um hino de guerra, com levadas marciais, vozes em sussurro e linhas de baixo muito legais. The Splendor of Your Presente tem mais uma aula dos graves, com riffs transbordando ódio, em um dos momentos mais tenebrosos do álbum.

Lúcifer, a Suprema Luz da Manhã, além de ser o som que encerra o trabalho, chama a atenção por dois detalhes: ser uma composição do tecladista Nathaivel (Great Vast Forest, Fohatt, Eternal Sorrow) e letra por Baal (Torches of Nero), que é uma espécie de "outro", com predominância de teclados e vozes mais etéreas, fechando o disco de forma inusitada.

Written by the Devil não é apenas mais um capítulo vitorioso da banda, mas sim um dos melhores álbuns da história da entidade, que de forma sabia, sabe atualizar sua música sabiamente,  sem soar modista ou oportunista.

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segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Heia: Magia Negra (2007/2024)

Por João Messias Jr.
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Tai um relançamento no mínimo especial, pois não sei se foi algo planejado ou coincidência, mas a horda liderada pelo guitarrista/vocalista Místico no ano em que comemora 25 anos de caminhada, relança no underground seu primeiro álbum, "Magia Negra", de 2007.

Porém não se trata de um relançamento qualquer, pois a banda fez uma bela versão em vinil, com uma capa ligeiramente diferente, LP 180 gramas, com capa e encarte bem feitos. Só que o grande trunfo foi que lançar no formato analógico, acabou casando com a sonoridade dos primeiros dias do grupo: um black metal mais ríspido e veloz.

Outra sacada do grupo foi renomear os lados do LP, de "Black" e "Magic", que começa com Maldade Infame que se caracteriza por ser rápida e visceral, um prato cheio para os fãs da primeira e segunda onda do estilo.

Karbarah's soa impiedosa, cuja sensação é de colocarem  estacas no nosso peito. Portal embora tenha esse pique brutal, possui momentos mais cadenciados. A faixa título recebe uns vocais mais gritados, com ares de evocação, que soam desesperadores. Maligna, som que encerra o primeiro lado do LP sem abrir mão da velocidade e rispidez, que lembra um pouco os primórdios do metal extremo nacional.

A segunda metade do vinil tem início com Perversidade Mística da Desgraça, que é bem poderosa e possui cheiro de palco, onde a vontade de agitar é instantânea. Manifesto da Desgraça, como o nome sugere é uma narração que declama as crenças da banda. Ritual é impiedosa, mas recebe um refrão mais cadenciado, numa linha quase simplória (alguém pensou em Hellhammer?).

Missa Negra é o som que encerra o trabalho e soa diferente do restante do material. Assim como a faixa anterior, trata-se de uma gravação mais antiga cuja sonoridade mostra uma banda mais básica e primitiva, que permite ao ouvinte sacar a evolução da banda até aqui.

Não há mais o que dizer, apenas que venham mais 25 anos pela frente e novos trabalhos (de preferência em LP).

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quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Vazio: Necrocosmos (2024)

Por João Messias Jr.
Imagens: Divulgação 

Quatro anos após o aclamado "Eterno Aeon Obscuro" e splits com bandas como Vulcano/Xico Picadinho, o segundo trabalho do quarteto paulista Vazio chega ao mundo na forma de Necrocosmos.

Lançado em CD, via Xaninho Discos, recebeu uma versão em vinil caprichadíssima via Elessar Records, com 300 cópias numeradas, pôster e vinil vermelho, além de pôster e card autografado, onde nem é preciso dizer que a versão bolachona é a fonte da nossa resenha.

Para aqueles que não conhecem a banda, ela possui oito anos de caminhada e alguns de seus integrantes vieram da Social Chaos (crust/punk), mas o protagonista de hoje investe num black metal sombrio e ritualístico, que funde a escola nórdica com os primórdios do metal extremo nacional.

Necrocosmos (o álbum) abre com Escuridão Seja a Minha Guia, que é mórbida e perturbadora, alternando blast beats com climas mais lentos e vozes em canto gregoriano, soando como uma missa negra. Cerimônia dos Espíritos Primordiais é um pouco mais veloz sem abandonar o clima ritualístico, enquanto Oráculo de Ossos é ríspida e violenta, com uma surpresa em seu decorrer: uma espécie de mantra que funciona muito bem na canção.

A faixa título mantém o ritmo mais visceral, mas chama a atenção pelas vozes com efeitos, reforçando o lado mais ritualístico do disco. O Despertar do Okutá, que encerra o lado A do vinil é um interlúdio macabro, que conta com a participação de Luis Tykyra, Tati Kixikaringoma e da Escola Utakizabula.

O lado B do vinil abre com As Lágrimas Que Regem os Túmulos, que é puro clima de transe e ao mesmo tempo possui cheiro de palco. Funeral Astral é bem quebradona, tem  linhas de baixo bem legais e soa  mais introspectiva que as outras faixas. Legiões da Chama Negra é mórbida e possui vozes bem carregadas, onde o ar de evocação é gigante,  em especial nas passagens lentas, que lembram o death/doom da década de 1990.

Eteuê Eteuá Kotô Shiva é uma espécie de "outro", totalmente primitiva e ritualística, soando como um cântico dos ancestrais, com participação de Cauê Santos nas vozes, encerrando não apenas o segundo lado do vinil, mas a experiência sonora de "Necrocosmos".

Temos em mãos mais um trabalho vitorioso do grupo, que desde o início de carreira, tem investido pesado na solidificação do nome no cenário por meio de shows e claro, na música e no capricho de seus trabalhos, que acaba agregando fãs de material físico e colecionadores.

Vale dizer que, enquanto você lê essa resenha, a banda está em tour pelo velho mundo chutando traseiros e marcando mais um golaço do Brasil na gringa.

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segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Paradise In Flames: Act One (2021)

Por João Messias Jr.
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Musicalmente, estou diante de um dos trabalhos mais bonitos do meu acervo no quesito musical. Se trata de "Act One",  quarto álbum dos mineiros do Paradise In Flames, banda com mais de duas décadas de caminhada que a cada ano galga mais degraus no hall das maiores e melhores bandas de música extrema nacional.

Seja pelos vídeos, shows e em especial pela sua música, que funde com destreza black metal com a música clássica e sinfônica, soando elegante sem deixar de ser malévola. Outro detalhe fica por conta da versão em vinil do trabalho, que recebe uma versão luxuosa em capa dupla e vinil 180 gramas.

O lado A do álbum começa com Old Ritual to An Ancient Curse, que é bem pesada e caótica. Em meio a tempestade recebe climas operisticos, dando ao ouvinte uma sensação de desespero e dor. Bringer of Disesase é um momento inusitado, pois soa como um musical clássico black metal, onde o refrão em coro te arrebata de forma instantânea.

Evil System começa de forma impiedosa, com umas vozes gélidas, com referências do thrash e industrial, sem abrir mão do lance sinfônico, que flui com naturalidade a cada segundo. Dancer of the Past que nos transporta para um teatro, graças ao clima operistico. Last Breath começa com muitos teclados e muita dramaticidade nas vozes femininas, marcam o início da canção, mas logo os climas macabros dão as cartas, fechando o primeiro lado do vinil de forma bela e soturna.

The Sinner (Act I) abre o lado B com um ótimo trabalho de guitarras, até ganhar um instrumental cadenciado e vozes pra cantar junto, até chegar num refrão apoteótico. Isso sem contar o solo, de exímio bom gosto. Delirium (Act II) é instigante e assustadora, enquanto Unseen God tem um jeitão death, que logo ganha arpejos e passagens mais intrincadas, até chegar em climas mais densos e agressivos.

Learn From Mistakes tem vozes graves e um clima vampiresco, além de referências ao gothic rock 80. The Way to Pentagram é igualmente assustadora com linhas gélidas e agressivas e o disco de encerra com Dark Pilgrimage, que começa acústica, sugerindo algo a lá Nightwish, mas o que se ouve é uma canção que une climas clássicos e fúnebres, vozes femininas carregadas de emoção, unindo o erudito e o extremo.

Não há muito mais o que dizer, além de que "Act One" é daqueles discos que beiram a perfeição e surpreende o ouvinte a cada nota executada.

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sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Entrevista: Alexandre Melim Rissi (Alê Metal Pesado)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Talvez o nome Alexandre Melim Rissi não soe familiar para muitos, mas eu tenho certeza que, em especial a galera do colecionismo ao citar o canal "Alê Metal Pesado" o mistério será desvendado. Solicito, o mentor do canal nos cedeu uma entrevista, cujos trechos vocês acompanham nas linhas abaixo:

Quando escolheu ter um canal no YouTube e o porque desse nome?
Alê: Lá por volta de 2018 eu criei uma conta no Kwai e postei alguns vídeos curtos de alguns lps, quando em janeiro desse ano, já no ano atual de 2024, remexendo em minha conta Kwai, eu percebi que era possível enviar esses vídeos para o YouTube, aí um mundo novo se apresentou para mim, já que era um sonho poder mostrar meus vídeos nessa plataforma e eu nem sabia por onde começar, e desde janeiro até agora, são 7 meses de intenso esforço e zelo pelo meu canal, em relação ao nome, acredito que encontrei um nome forte, pois praticamente todo mundo me chama de Ale, e a música pesada que eu escuto me identifica para todos, por isso ficou Ale Metal Pesado.

Qual é o Feedback e a experiência de postar vídeos na plataforma até agora?
Alê: Simplesmente sensacional, nenhum hater até agora (risos) tenho seguidores fiéis, o número de inscritos tem aumentado, as pessoas dizem que as estou ajudando a descobrir novas bandas, até fiz o Reinaldo Steel ouvir Ratt (risos).Brincadeiras a parte, estou sentindo que estou criando um público e isso não tem preço, e também estou ajudando bandas novas, pois também empunho a bandeira do Metal Nacional com unhas e dentes, e também estou sendo ajudado em adquirir conhecimento e até a questão da saúde mental está envolvida positivamente, creio que tem muito a crescer e a esperança de atingir novas pessoas me motiva.

Entrevista completa no YouTube:

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Magüerbes: Futuro (2015/2017)

Por João Messias Jr.
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Antes de mergulharmos no aspecto técnico, vamos no lance da emoção, fazendo uma conexão com os nossos primeiros dias no rock. Afinal, quem não "entrou nessa" vendo as capas do Iron Maiden, Kiss, King Diamond e Sarcófago?

Para quem é colecionador, esse sentimento "encuba", mas não morre e me fez lembrar quando conheci o trabalho da gravadora (ainda existe?) Heart Bleeds Blue, a qual conheci/adquiri diversos trabalhos e creio ter "fechado meu ciclo" com eles adquirindo depois de quatro anos "Futuro", do quinteto de Americana Magüerbes.

Se trata de um dos vinis mais lindos do meu acervo, por ter uma capa linda, no formato gatefold, formato do encarte diferenciado, a bolacha na cor amarela em 180 gramas que orgulha a todo o colecionador.

Musicalmente não agradará os trues, mas o cara de mente aberta terá uma banda legal para apreciar. Definiria o som dos caras como um "prog urbano", pois acontece muita coisas no mix homogêneo de punk rock, new metal e metalcore dos caras.

O lado A começa com Americana que é densa, pesada, com vozes melancólicas e muitas ambiências, sendo uma forma diferente de iniciar um disco. Já a faixa título é um rock visceral, um convite ao pogo onde quando se percebe, está envolvido no som dos caras.

Fundamental é cheia dos "apitinhos", que causaram pesadelos nos trues e se destaca pelo groove e ritmo mais cadenciado. Salvar Como é mais voltada ao hardcore melódico, com algumas partes screamo bem legais, enquanto Rituais é bem eclética, unindo fãs de Charlie Brown Jr e Machine Head.

Obrigado Vida abre o lado B de forma densa e introspectiva até ganhar um final bem pesado. Sobre o Sol possui uma bateria marcante e uma letra (assim como todas do disco) bem alto astral. Já Base D'Agua é cheia de cordas limpas e aos poucos ganha momentos para agitar. 

Linha Verde é pesadona, recheada de dissonâncias e vozes swingadas e da espaço para Cara A Tempo, que é puro peso, wm mais um momento que nos faz lembrar quando o new metal era gigantesco, só que aqui tudo melhor feito e elaborado, encerrando com chave de ouro esse discaço 

"Futuro" pode tranquilamente ser chamado de clássico da música contemporânea nacional.

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Dirty Grave: Sin After Death (2019/2024)

Por João Messias Jr. Imagem: Divulgação   São onze anos de estrada deste trio, que começou as atividades no interior de São Paulo e hoje est...