quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Vazio: Necrocosmos (2024)

Por João Messias Jr.
Imagens: Divulgação 

Quatro anos após o aclamado "Eterno Aeon Obscuro" e splits com bandas como Vulcano/Xico Picadinho, o segundo trabalho do quarteto paulista Vazio chega ao mundo na forma de Necrocosmos.

Lançado em CD, via Xaninho Discos, recebeu uma versão em vinil caprichadíssima via Elessar Records, com 300 cópias numeradas, pôster e vinil vermelho, além de pôster e card autografado, onde nem é preciso dizer que a versão bolachona é a fonte da nossa resenha.

Para aqueles que não conhecem a banda, ela possui oito anos de caminhada e alguns de seus integrantes vieram da Social Chaos (crust/punk), mas o protagonista de hoje investe num black metal sombrio e ritualístico, que funde a escola nórdica com os primórdios do metal extremo nacional.

Necrocosmos (o álbum) abre com Escuridão Seja a Minha Guia, que é mórbida e perturbadora, alternando blast beats com climas mais lentos e vozes em canto gregoriano, soando como uma missa negra. Cerimônia dos Espíritos Primordiais é um pouco mais veloz sem abandonar o clima ritualístico, enquanto Oráculo de Ossos é ríspida e violenta, com uma surpresa em seu decorrer: uma espécie de mantra que funciona muito bem na canção.

A faixa título mantém o ritmo mais visceral, mas chama a atenção pelas vozes com efeitos, reforçando o lado mais ritualístico do disco. O Despertar do Okutá, que encerra o lado A do vinil é um interlúdio macabro, que conta com a participação de Luis Tykyra, Tati Kixikaringoma e da Escola Utakizabula.

O lado B do vinil abre com As Lágrimas Que Regem os Túmulos, que é puro clima de transe e ao mesmo tempo possui cheiro de palco. Funeral Astral é bem quebradona, tem  linhas de baixo bem legais e soa  mais introspectiva que as outras faixas. Legiões da Chama Negra é mórbida e possui vozes bem carregadas, onde o ar de evocação é gigante,  em especial nas passagens lentas, que lembram o death/doom da década de 1990.

Eteuê Eteuá Kotô Shiva é uma espécie de "outro", totalmente primitiva e ritualística, soando como um cântico dos ancestrais, com participação de Cauê Santos nas vozes, encerrando não apenas o segundo lado do vinil, mas a experiência sonora de "Necrocosmos".

Temos em mãos mais um trabalho vitorioso do grupo, que desde o início de carreira, tem investido pesado na solidificação do nome no cenário por meio de shows e claro, na música e no capricho de seus trabalhos, que acaba agregando fãs de material físico e colecionadores.

Vale dizer que, enquanto você lê essa resenha, a banda está em tour pelo velho mundo chutando traseiros e marcando mais um golaço do Brasil na gringa.

Link da resenha no YouTube:

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