sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Little Quail and The Mad Birds: Lirou Quêiol ende Méd Bârds (1994)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Para quem acompanha o canal desde o início, lá em 2020 e este blog desde fevereiro de 2024, trata-se do auge de ambos os veículos, onde para celebrar resolvi fazer um especial do ano de 1994, que assim como a década de 1990 foi muito importante na renovação do cenário musical, que também ficou marcado por ser o ano do tetra, a partida do piloto Ayrton Senna e o surgimento do Plano Real.

E como o assunto aqui é música, resolvi neste mês de setembro falar semanalmente de dois álbuns deste ano agridoce. Só que seria muito simples "jogar" os álbuns sem uma premiere, como nos cinemas e explicar o motivo do especial.

Com tudo explicado linhas acima, a nossa especial com uma banda que fez muito barulho e que infelizmente não alcançou o sucesso de seus conterrâneos, o Raimundos. Falo do Little Quail and The Mad Birds, que surgiu no final da década de 1980 e que fazia um mix interessante de psychobilly, jovem guarda, punk rock, muita irreverência e muito bom humor.

Após uma demo elogiadíssima na Rock Brigade (termômetro para as bandas na época), era hora do primeiro álbum, "Lirou Quêiol ende Méd Bârds, que foi uma estreia em grande estilo. Produzido pelo saudoso Carlos Eduardo Miranda, o Miranda e lançado pelo recém criado selo Banguela, o álbum é um convite ao pogo do início ao fim, com muita energia e um clima debochado. A versão de avaliação é uma reedição em vinil (bonita pra cacete) feita pela Fuzz On Discos em 2022.

Características que aparecem logo em Stick Car que abre o vinil, que é a adaptação de um conhecido jogo de videogame, que abre caminho para 1,2,3,4 , totalmente visceral e beirando o hardcore. Berma is a Monster é dona de uma levada sensacional, feita pra dançar.

Familia Que Briga Unida, Permanece Unida é um dos maiores hits da banda, desde o tempo das demos, além de um clipe bem legal. Samba do Arnesto é uma releitura da música do Adoniran Barbosa (aquele da Saudosa Maloca), que ficou sensacional.

Baby Now é bem veloz e visceral, com muito da new wave dos anos 80, enquanto O Sol, Eu Não Sei é aquele momento de respiro, pois é mais pesada/cadenciada e até escrachada. Mamma Mia é uma viagem na surf music, com uma letra nada a ver na verdade.

Cigarrete é bem pesada e com um bom uso de metais, que dá um ar mais ska a canção, sendo uma das melhores do trabalho. O lado B inicia com outro hit dos caras: Essa Menina, que rolou muito na época. Bem grudenta, cuja letra que com certeza seria censurada pelos lavradores de hoje.

Azar Numa W3 é um instrumental bem sujo e aponta um mix perfeito de jovem guarda com o punk rock. Aquela é aquele tipo de som que representa o cenário musical dos anos 90: cheio de novidades e novas nuances. Silly Billy é puro punk e Bom Bom mantém as coisas aceleradas por aqui.

Sex Song é um momento atípico do LP, pois é voltada ao country/Bluegrass, cuja "letra" é um casal declamando um momento íntimo. Pump Up The Bird (nada a ver com o Technotronic) é só uma zoeira musicada, que encerra o track list normal da bolachona.

Essa versão apresenta dois bônus: Lembrança de Uma Saudade é um instrumental, uma espécie de "Lost Tapes", visto que a qualidade da gravação é bem inferior e uma "Areobic Version" para 1,2,3,4 , que é uma versão ao vivo no ritmo de aeróbica.

Um trabalho excelente, que reflete muito bem o espírito da época, o de novidades e nesse quesito, o Little Quail cumpriu muito bem o seu papel. Os caras soltaram mais um álbum em 1996 e logo encerraram as atividades. Com o tempo, os caras foram para outros grupos, como o baterista Bacalhau, que hoje está no Ultraje a Rigor e o guitarrista/vocalista Gabriel Thomaz, que está no Autoramas.

Para os fãs do grupo o bom é saber que esporadicamente o trio sempre se reúne para algumas apresentações. Vai que numa dessas não rola disco novo....vamos torcer!

Link da resenha no YouTube:

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