quinta-feira, 28 de março de 2024

Jethro Tull: Aqualung (1971)

Por João Messias Jr. 
Imagem: Divulgação 

Para quem está vendo esse blog pela primeira vez, a criação desse foi motivada para criar versões escritas das resenhas do meu canal do YouTube, que neste mês de março comemorou seu quarto aniversário. 

Numa forma de fazer algo diferente e especial, resolvi buscar algo nas origens do estilo, onde comecei falando de blues, com o Urublues e agora vamos a um clássico do que se enquadra no rock progressivo, que, independentemente da praia, é um clássico, estou falando de Aqualung do Jethro Tull.

Esse é o quarto disco da banda, lançado em 1971, grupo capitaneado pelo emblemático vocalista/flautista Ian Anderson e que teve em suas fileiras um tal de Tony Iommi, que depois fez história com o Black Sabbath.

Antes de falarmos das faixas, algumas coisas merecem ser ditas: a primeira é que apesar dos elementos, o Jethro Tull não é uma banda puramente progressiva e meus amigos, não se prendam a faixa título, pois o disco tem muito mais...

... Aqualung (o álbum) começa com a poderosa e lisérgica faixa título. Dona de momentos calmos e pesados, chama a atenção pelo mix de estilos (prog, rock, country, folk), tudo de forma homogênea.

A seguinte é outra conhecida do público, Crossed Eyed Mary, que mostra uma outra faceta da banda: os arranjos grandiosos e toques cinematográficos, com um Hammond esperto marcando a canção, com vozes vigorosas e claro, muitas flautas e guitarras.

Cheap Day Return é um interlúdio de clima irlandês e Mother Goose começa bem na mesma vibe da faixa anterior, bem intimista, com deliciosas linhas de voz e violão. Wond'Ring Around é outro interlúdio de muita beleza e o Lado A se encerra com Up to Me que é um mix de folk/celta, com Anderson fazendo vozes mais chorosas, num som cheio de climas, além de um leve ar lisérgico.

My God abre o Lado B com a faixa mais longa do álbum (cerca de sete minutos), que começa mais intimista e aos poucos ganha peso e ótimas linhas de voz, que são melodiosas e raivosas. Onde temos na mesma canção progressivo, música celta, cantos gregorianos e um ritmo apoteótico.

Hymn 43 é um rockão comandado por Hammond e experimentações aqui e ali, enquanto Slipstream é mais um interlúdio do disco. Locomotiva Breath começa bem bluesy e vai ficando pesadona, com vozes envolventes e um clima instigante.

Wind Up é a saideira do disco e começa bem emocional com voz e piano, numa ótima levada, feita pra cantar junto. Só que esse momento bonitinho fica pelo caminho e se transforma num rock daqueles até tomar o ritmo inicial.

Um disco excelente, com uma sonoridade que continua atual , onde cada um dos quarenta minutos são prazerosos e que com certeza continuará sua atemporalidade por mais cinquenta anos, no mínimo.

Ah....e quem puder, assista os caras nesse mês de abril!

Link da resenha em vídeo: 

segunda-feira, 25 de março de 2024

Urublues: Urublues (1992/2023)

Por João Messias Jr.
Imagens: Arquivo Pessoal

O quinteto capixaba Urublues possui uma história interessante, pois lá nos anos 80 teve sua trajetória iniciada na UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), numa época em que estilos como o heavy metal e o rock nacional estavam em alta. Nesse cenário os caras foram pras cabeças fazendo blues.

Isso mesmo, bebendo na fonte de artistas consagrados como BB King e Muddy Waters, o quinteto que contava com Caubi (vocal), Getúlio Neves (guitarra), Vagner Simonassi (guitarra), Dodô (baixo) e Vaner Simonassi (bateria) foram na contramão de tudo e tocaram com grandes nomes da música nacional como Barão Vermelho e essa ousadia fez com que a banda em 1992 lançasse seu primeiro álbum em CD (auto intitulado), época que o vinil ainda tinha força no mercado.

Passadas mais de três décadas, "Urublues" ganhou uma versão caprichadissima em LP, via Amigos do Vinil, selo capixaba que vem fazendo um resgate da música capixaba, trazendo títulos esquecidos do metal a MPB, dando uma oportunidade desses trabalhos serem vistos/ouvidos por novas pessoas.

Nem é preciso dizer que a versão em vinil ficou maravilhosa. Capa gatefold, vinil 180 gramas, arte belíssima, ou seja, um trabalho primoroso. 

Mas e a música? 

Contando com nove faixas (que receberam "um tapa"no áudio que deixou tudo ainda melhor), Urublues começa com a faixa que nomeia o grupo, que começa melancólica, mas que em seu decorrer, põe todo mundo pra curtir. Tem umas partes mais lentas muito bem sacadas e solos inteligentes. 

Flores Sob O Mal é aquele som que nos faz esquecer de todos os problemas do caos do mundo moderno, onde queremos apenas ouvir música boa e tomar um trago da sua bebida favorita.

O momento balada do disco fica por conta de Baby Blues, onde se imagina aquele monte de bêbados na frente do palco erguendo suas torres de chopp. Isso sem contar o solo emocionante. O Lado A do vinil se encerra com No Berço dos Allman, que é um instrumental denso e pesado, com várias passagens instigantes, num resultado que encheria os Allman Brothers de orgulho. Não sabe quem são "Os Allman"? Joga no Google e descobrirá.

O Lado B começa com Chegou a Hora, que flerta levemente com o hard rock/rock nacional, contando inclusive com um solo bem radiofônico, além de uma letra bem sacada, perfeita para os dias atuais. Momentos chama a atenção pelo início acústico, com uma levada bem southern rock, cujo resultado é uma balada guiada pela emoção e introspecção.

Desculpe Baby é bem pesadona e possui flertes com o funk/soul, lembrando Crosstown Traffic (Hendrix). Transplante é um blues rock delicioso onde nos colocamos até no lugar do personagem da canção graças a levada desse som.

Festa no Céu possui levada bluesy, mas descamba para o rock and roll, com uma levada que cola na alma e as citações aos "finados" conhaque São João da Barra, Robocop até o mestre Raulzito foram bem pensadas. Totalmente alto astral, coroa esse belíssimo trabalho, que faz por merecer ser ouvido por mais pessoas.

Link da resenha em vídeo: 

domingo, 24 de março de 2024

Programação especial de aniversário do canal...

Por João Messias Jr 
Imagem: Arquivo Pessoal

Neste mês de março, o canal comemorou seu quarto aniversário. E fiquei pensando no que fazer. Até que o "insight" bateu e pensei: que tal uma semana baseada nas origens do estilo, falar do que não aparece com frequência aqui como o blues, rock psicodélico e progressivo.

Nas primeiras horas desta terça (27), falaremos da banda capixaba Urublues, que como o próprio nome sugere, investe na praia de mestres do estilo, como BB King e Muddy Waters. 

Vale citar que esse trabalho é de 1992 e ganhou uma versão caprichada em LP, lançada recentemente pelo selo Amigos do Vinil.

Então, já sabem, nas primeiras horas desta terça feira: Urublues.

quinta-feira, 21 de março de 2024

Ocultan: Trevas (2023)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Esse é o décimo primeiro lançamento de uma das maiores e emblemáticas bandas de black metal do Brasil, o Ocultan, que neste ano de 2024 completa três décadas de caminhada. Durante sua trajetória, lançou álbuns memoráveis e fez grandes apresentações, das quais acompanhei em Sampa e no ABC paulista, na época de Nexion Chaos (2015).

Lançado pela Hammer Of Damnation, que trabalha com a banda desde o álbum ao vivo "Rites Of Sitra Astral", "Trevas" chama a atenção pela apresentação gráfica impecável além da ótima qualidade da gravação, a cargo de C. Imperium (vocal) e Lady Of Blood (instrumentos).

Contando com nove faixas, o álbum abre com Primordial Chaos, que começa climática e instigante e em seu decorrer ganha linhas de voz assustadoras e um instrumental bem macabro. Já a faixa titulo é bem ríspida, onde os vocais chamam a atenção pela mescla de linhas agressivas a outras agonizantes. 

King Of Winds possui um ritmo impiedoso, onde temos álbuns flertes com o death metal, inclusive com vozes mais guturais. Tears Of Fire inicia de forma épica e melodiosa e ganha um ritmo cadenciado e denso e em seu decorrer ganha momentos com uma ótima linha de guitarra e bateria veloz e marcante.

Ceifador começa com uma levada feita para os palcos e vozes horripilantes, mas aos poucos retoma a linha mais tradicional da banda, com destaque para a fusão homogênea de melodias e brutalidade. Evolution é veloz, com muitas quebradas de tempo e chama a atenção pelas melodias de guitarra e um instrumental coeso e repleto de variações, além de um clima morbido próximo ao doom metal.

Memories From The Past é a mais longa do CD, com cerca de sete minutos, começa climática e melódica (bem Mercyful Fate), que depois ganha um ritmo assustador com um instrumental virtuoso.

Lembranças do Mal - A Crucificação é a regravação da faixa homônima do segundo disco deles, de 2002. Apesar de manterem a essência da original, essa versão ficou mais maléfica e rica musicalmente, além de uma maior variação vocal.

Outro - End Times é uma música perturbadora, que em seu decorrer ganha momentos climáticos/trabalhados juntos além de um final agonizante.

Mais um ótimo trabalho desse hoje duo, onde conseguem manter sua musicalidade, abrindo espaços para novos elementos, mais uma vez evidenciado que o nosso black metal é o melhor do mundo, sem exageros, nem soberba. 

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terça-feira, 19 de março de 2024

Obskkuroeoser - Non Existence (2024)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Esse é o primeiro full desse trio gaúcho de black metal, que chama a atenção por fazer uma música diferenciada e que causa impacto logo ao abrir o digipack com a seguinte frase:

"Desceremos ao abismo mais profundo"
"Contemplaremos o nada"
"Deteriorando assim o nosso próprio ser"

Por não ter letras, fica um pouco difícil sacar o conteúdo lírico, mas se entende que eles abordam o negacionismo e musicalmente praticam um mix interessante do black metal nórdico da década de 1990, com algo atmosférico, permeado por toques do technical death metal.

Non Existence abre com a faixa título, que é bem melódica e fúnebre, que dá passagem para Non Existente I, que é ríspida e brutal, além de conter vozes desesperadoras. O clima de caos permanece mesmo nos momentos mais melódicos.

Non Existence II começa de forma mórbida nos dando a sensação de um funeral, que fica mais evidente com os vocais caóticos e o ritmo mais cadenciado. Path to The End I é uma espécie de interlúdio atmosférico que apesar de "leve", não sai da linha característica da banda.

Non Existence III tem um início mais épico, lento e melódico que as canções anteriores, com vozes declamando uma narrativa, além de um ótimo trabalho de guitarras, bem influenciadas pelo technical death metal, fundindo melodias e um clima desesperador de forma homogênea.

Non Existence IV tem como referência o black metal norueguês dos anos 90, com linhas de voz agonizantes, torturantes e um "Q" do DSBM, carregada de morbidez e um sentimento raivoso.

Path to The End II é bem trabalhada e atmosférica onde mais uma vez as guitarras chamam a atenção de forma técnica e hipnotizante, num momento sublime da obra, enquanto o encerramento com Non Existente V volta com o lado mais agressivo da banda. Mas o som em seu decorrer ganha toques mais épicos e vozes desesperadoras.

Uma excelente estreia desse trio, que acertou não só na música, mas na qualidade da gravação, que teve como responsável Sebastian Carson, do Hurricane Studio, que deu um brilho a mais aqui, além de ter sido um lançamento da Black Seal Prod, que será um canal que pavimentará ainda mais a música do trio mundo afora. 

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sábado, 16 de março de 2024

Masturbator: Hell Warrior (2023)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Falar do Masturbator é como descrever a história de um fã de música pesada. O "primeiro nível", é a fase das descobertas, as primeiras camisas, bandas e shows. Depois temos uma segunda fase, onde embora o amor pela música esteja lá, o foco fica por conta do crescimento pessoal, profissional. Anos depois com a estabilidade, chega-se no equilíbrio de conciliar trabalho, família e música, seja você músico ou fã. 

Oriunda da década de 1980 e capitaneada pelo guitarrista Sidnei Slaughterman, o Masturbator foi um nome cultuado no death metal nacional. Seja por seus shows e demos, a banda marcou seu nome no cenário até meados de 1990, onde encerrou as atividades, retornando em 2010.

Apesar de ter um bom nome e ser uma banda cultuada no cenário, faltava ao hoje quinteto um Full. Espera que terminou em 2023 com o excelente hell Warrior, que chama a atenção pela belíssima capa, além da excelente produção.

Lançado por uma junção de vários selos (Extreme Sound Records, Woodstock Discos,Impaled Records, Sacramental Records, Master Records, Sangue Underground Records,Rock Brigade Records), o CD vem com oito faixas e começa com Sadistic Manifestation Of Pleasure, que chama a atenção por muitos detalhes: o ritmo mais cadenciado, passagens mais trabalhadas e linhas de voz pra cantar junto.

A faixa título é dona de riffs mais cavernosos que esbarram no doom, num ritmo mais morbido e lento que aos poucos ganha velocidade, solos de alavanca e um leve clima Black.

Gods Of Pleasure é bem trabalhada com um instrumental voltado ao thrash, onde a exceção dos guturais, é um mix de bandas que possuem heróis como Mille Petrozza e doom metal. 

Murderer marca o pique death de volta, inclusive com aquela levada matadora da Flórida, além de partes mais mórbidas e vozes bem doentias. Bestial Masturbator é mais um momento inspirado pelo thrash, com arranjos trabalhados. Mas é só o início, pois ela se transforma num metal da morte do mais alto calibre.

Reality Of Inquisition é dona daqueles riffs que grudam, que abrem espaço para um ritmo esmaga crânio, com muitos momentos de "air guitar" e cantar junto. Sexual Destruction tem vozes cavernosas, nos fazendo lembrar quão nomes como Morbid Angel e Sinister eram reverenciadas.

Pornografic Terror começa bem virtuosa, esbarrando no thrash, vozes raivosas, instrumental contagiante, com momentos contagiantes e velozes, coroando esse belíssimo trabalho, que a exceção do encarte (poucas páginas) é um verdadeiro tributo a música extrema nacional.

E que a banda não leve mais três decadas para um novo álbum de inéditas. 

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quinta-feira, 14 de março de 2024

Born to Punish The Skies - Tributo ao Headhunter DC (Parte 2)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Quem segue os vídeos do canal, sacou que em janeiro deste ano, foi feita a primeira parte deste tributo feito a uma das bandas mais cultuadas da música extrema mundial: os baianos da Headhunter DC.

Lançado pela Mutilation Records, o Tributo foi lançado em dois volumes, com dezessete bandas de sete países diferentes cada CD, onde tranquilamente trata-se de uma das maiores homenagens feitas a uma banda underground.

Antes de falarmos das faixas, vale falar do projeto gráfico. Assim como no volume 1, que contou com depoimentos do vocalista Sérgio "Ballof" Borges e algumas palavras do icônico Jeff Becerra (Possessed), aqui temos declarações do guitarrista do grupo na época, Paulo Lisboa e Fernan Nebiros da banda peruana Mortem.

Uma curiosidade desta parte em relação a primeira, é que aqui temos quase em totalidade bandas brasileiras, que iniciam os trabalhos. O Escarnium abre o álbum com And The Sky Turns to Black, faixa homônima do terceiro álbum dos caras. Apesar da fidelidade em relação a original, trouxeram algo mais refinado e com momentos doom matadores.

Seguindo, temos o Divine Pain com Bloodbath, extraída do segundo álbum "Punishment at Dawn" que é um show a moda antiga do death metal. Mais uma banda antiga na área. Do norte do Brasil, temos a Disgrace and Terror, que foi no primeiro álbum dos caras, "Born Suffer Die", e extraiu de lá Benath The Hate, que faz com maestria o death metal raiz: brutal, trampado e sem mimimi.

O momento agora é dedicado a uma das melhores bandas death atuais: o Vulture com God Is Dead. Extraída de um dos álbuns mais representativos da banda, "God's Spreading Câncer" e nem é necessário  dizer que o resultado ficou sensacional. O álbum "And The Sky Turns to Black" foi revisitado novamente em Falling in Perdition, que chama a atenção por ser um pouco mais lenta e mórbida em relação a original, sem deixar a brutalidade de lado.

Extraída de um split com a banda Sanctifier,  música Hymn to Babylon foi executada pela banda Apocaliptic Raids, que não deixaram pedra sobre pedra em nossos pescoços. Outra banda veterana fez muito bonito aqui. O Pathologic Noise levou Searching for Rotheness do "Punishment at Dawn
", que ficou sensacional.

Os baianos do Incinerador voltaram aos tempos do primeiro álbum, e nos faz refletir que quem não curte death metal, bom sujeito não é. Ainda no Nordeste, temos o Siege Of Hate, ou apenas S.O.H., que chama a atenção para a sua versão em God's Spreading Câncer. Oriundos do grindcore, o trio deu uma pegada nessa vibe no som, sem abrir mão da pegada death.

O Inside Hatred mandou uma ótima versão para Eternal Hatred. Interessante citar que a música acabou inspirando um selo de mesmo nome que lançou diversas bandas, inclusive o Headhunter DC. Outra banda que fez algo magnífico aqui foi o Obskure com Deadly Sins Of The Soul. Os caras pegaram um dos temas mais trampados de "Punishment at Dawn" e fizeram a melhor versão do tributo.

A banda de Brasília Seconds of Noise deixou tudo brutal e direto novamente em Open Yout Eyes, enquanto os magníficos do Eternal Sacrifice deram uma cara ainda mais maléfica e climática para Contemplation to The Firme, principalmente nos vocais de Anton Narberius, que rouba a cena aqui.

Outra banda veterana, o Deformity BR fez maravilhas em From Dream to Nightmare, uma pancadaria death com passagens doom e solos de cair o queixo. A única banda gringa do CD, o Necroccultus deram um toque ainda mais morbido em Abortion Of Souls e o Facada (instituição do grind nordestino) nos proporciona caos e desespero em Disunited.

O tributo se encerra com os baianos do Ketter com Long Live to death Cult, onde reforçam o nosso compromisso com o "metal da morte", que se depender de mim e desse álbum, será propagado para várias gerações ainda.

Sem puxar o saco, o tributo é uma das melhores homenagens feitas a uma banda "viva" que por sua musicalidade já faz por merecer um patamar ainda maior.

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sexta-feira, 8 de março de 2024

Paula Abdul: Spellbound (1991)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação

Acredito que muitos de vocês, entre 40/50 anos, antes de trilharem pelo caminho da música pesada, assistiram muito os programas de videoclipes como Clip Trip, Kliptonita, Som Pop e Realce, que eram apresentados pelos figuras Beto Rivera, Serginho Café, Kid Vinil e Mister Sam.

Um dos carros chefe desses canais eram os artistas pop, em especial as "divas" como Madonna e Cindy Lauper, que pouco tempo depois dividiram espaço com "meninas" talentosas como Debbie Gibson e Paula Abdul, a protagonista desta resenha.

Protagonismo evidenciado por "Spellbound", segundo álbum da cantora, lançado em 1991, que veio com uma missão complicada: superar a excelente repercussão do debut, "Forever Your Girl, lançado em 1988, cuja vendagem foi de 14 milhões de cópias.

Se numericamente não chegou nessa quantidade (vendeu "apenas" 9 milhões), musicalmente consegue um resultado tão bom quanto o primeiro disco, seguindo uma fusão envolvente e sofisticada de pop, rock, techno e R&B, que cativa logo de cara.

Rush, Rush é mais um momento videocliptico do disco. Lembro de ter assistido esse clipe muitas vezes, numa canção perfeita pra dançar agarradinho e esquecer de tudo. A faixa título é mais um momento somos postos a dançar de forma quase instantanea, com um refrão denso e melódico que não nos tira do groove. 

Vibeology também possui um vídeo bem sacado, que apesar do pique dançante, privilegia a voz da cantora, que transita entre o pop, techno e R&B de forma harmônica.

My foolish Heart mescla mais uma vez o R&B com um pique mais dançante no melhor estilo "super bonder", tudo bem construído e sacado.

Blowing Kisses in The Wind é outro som que rolou demais nas rádios e TVs daqui, uma balada de valsa emocional maravilhosa pra ouvir com o par. Lembro que não adolescência eu detestava essa música e hoje acho ela sensacional.

Já em To You o pique dançante está de volta, bem black  music, com pianos bem sacados. Alright, Tonight sugere um jogo de vozes tipo Queen, mas que se transforma em algo dançante com ritmo latino.

Will You Marry Me é o som que encerra a bolachona, que possui um lindo videoclipe, numa mistura interessante de dance com um leve clima emotivo, que encerra o disco com o mesmo astral de como ele começou.

Difícil dizer se supera Forever Your Girl, mas uma certeza posso afirmar: supera o trabalho que vem depois, "Head Over Heels", de 1995.

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terça-feira, 5 de março de 2024

Opus Nostri - Brado Soturno (2019)

Por João Messias Jr. 
Imagem: Divulgação 

Vamos começar a nossa resenha de uma forma um pouco diferente. Há algumas semanas atrás, fiz uma resenha da banda de black metal Akerbeltz, cuja música trilhava pelos caminhos mais básicos do black metal. Por ser uma resenha negativa, teve muita gente que não entendeu, mas a verdade é que mesmo um som mais básico e nas raízes do estilo, tem de ter dois ingredientes primordiais: uma boa gravação e um aprimoramento em seus instrumentos. Algo que a banda Opus Nostri faz muito bem.

Lançado em 2019, Brado Soturno é o primeiro full do trio paulista e é composto de nove faixas, onde a tônica é a vertente mais tradicional doa estilo. O que não impede que os caras flertem com outras vertentes do metal.

O álbum abre com Intro/Ave Luxferre, que após um início mais climático, abre caminho para um som mais visceral e devastador, que apresenta bem vindas mudanças de andamento e vozes limpas pontuais 

Sob as Chamas do Fogo Pagão é ríspida e com uma bateria bem veloz, enquanto Gloriam Marjorem Samhain mantém o ritmo brutal, mas com alguns momentos mais épicos.

Suprema Força Obscura é agressiva e com vozes torturantes, exceto pelos solos técnicos e melódicos. Le Triomphe de Belzebuth é uma espécie de interlúdio e Perpétuo Domínio da Escuridão tem início mais trabalhado até ganhar velocidade e ir na linha mais tradicional do black metal.

Lágrimas Negras da Morte é cadenciada e mais ritualística, soando como uma evocação. Geburah Glória Intacta retoma o lado mais visceral, mas em seu decorrer ganha momentos de introspecção até retomar a velocidade.

Lúcifer Iluminatio Mea possui riffs bem anos 80, vozes intimidadoras em seu decorrer ganha um clima agonizante.

Uma ótima estreia dessa banda paulista, que anos depois soltou mais um excelente álbum, chamado "Velas Negras Sob o Altar da Morte", que assim como o debut, são obrigatórios aos fãs da música obscura nacional (e internacional). Além de mostrar que e possível sim fazer um som mais tradicional com classe e maestria. 

Link da resenha em vídeo:

sexta-feira, 1 de março de 2024

Blazing Corpse: Nocturne Delirium (2002/2023)

Por João Messias Jr.

Imagem: Divulgação 

Não se trata de um novo álbum desta lendária banda do interior paulista (que este ano completa três décadas de estrada), mas um lançamento que todos os admiradores do grupo farão questão de ter no acervo. Se trata de uma edição histórica da quarta demo dos caras (Nocturne Delirium), lançada em 2002, além do split The Blazing Temple (2018), que também contava com a banda chilena Temple.

Antes de falarmos das faixas, vale citar o excelente projeto gráfico, com uma belíssima capa, além de um digipack caprichado, apresentação que anima para escutar as músicas. 

Contando com nove faixas, essa compilação é um combo recheado de música soturna e melancólica, onde a tônica é um som mais intenso, e que não é aquele lance feito pra agitar, mas de viajar na atmosfera ora sombria, ora moribunda, que levará ao delírio os fãs dessa linha mais lúgubre do metal.

O álbum começa com Texto a Nosferatu, que é a declamação de um poema, e abre caminho para Listem to The Storm, que chama a atenção pelos teclados clássicos e vozes mais vomitadas.

Vênus Urânia começa de forma acústica e introspectiva, que ganha vozes em narrativa. Só que a calmaria dura pouco tempo e o lance vai fica mais instigante, destacando os vocais agonizantes.

Misantropic Spirit possui um clima celta no início e vai dando espaço a um mix de black/doom, além de momentos mais death, na linha de nomes como Anathema e Katatonia.

From The Abyss of m Darkest Dreams (que encarar a demo), é arrastada e cadenciada, com belíssimos momentos mais melódicos, que não ficam descosturados em meio a melancolia.

Vale citar que as vozes limpas não estavam digamos, "perfeitas" , mas que soam impecáveis hoje, pois aqui a banda buscava a intensidade ao invés de uma pretensiosa perfeição.

A segunda parte do material começa com Ilex Aquifolium, uma espécie de intro climática, dando espaço para The Blazing Temple, onde a sonoridade lúgubre fora mantida, mas de forma melhor apurada.

Cry Of The Stars é a mais longa do CD, com seus quase doze minutos, é cadenciada e arrastada, com alternâncias de voz, indo do berrado ao gutural, do narrado ao mais sussurrante.

Somber é a faixa ao vivo que encerra está compilação. Extraída do primeiro full da banda, que soa mais crua e ríspida e agressiva. 

Confesso a vocês que não sou um grande fã de compilações, mas Nocturne Delirium foge a regra por alguns aspectos, desde a "embalagem" até a honestidade das canções envolvidas.

Link da resenha em vídeo:

Dirty Grave: Sin After Death (2019/2024)

Por João Messias Jr. Imagem: Divulgação   São onze anos de estrada deste trio, que começou as atividades no interior de São Paulo e hoje est...