segunda-feira, 25 de março de 2024

Urublues: Urublues (1992/2023)

Por João Messias Jr.
Imagens: Arquivo Pessoal

O quinteto capixaba Urublues possui uma história interessante, pois lá nos anos 80 teve sua trajetória iniciada na UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), numa época em que estilos como o heavy metal e o rock nacional estavam em alta. Nesse cenário os caras foram pras cabeças fazendo blues.

Isso mesmo, bebendo na fonte de artistas consagrados como BB King e Muddy Waters, o quinteto que contava com Caubi (vocal), Getúlio Neves (guitarra), Vagner Simonassi (guitarra), Dodô (baixo) e Vaner Simonassi (bateria) foram na contramão de tudo e tocaram com grandes nomes da música nacional como Barão Vermelho e essa ousadia fez com que a banda em 1992 lançasse seu primeiro álbum em CD (auto intitulado), época que o vinil ainda tinha força no mercado.

Passadas mais de três décadas, "Urublues" ganhou uma versão caprichadissima em LP, via Amigos do Vinil, selo capixaba que vem fazendo um resgate da música capixaba, trazendo títulos esquecidos do metal a MPB, dando uma oportunidade desses trabalhos serem vistos/ouvidos por novas pessoas.

Nem é preciso dizer que a versão em vinil ficou maravilhosa. Capa gatefold, vinil 180 gramas, arte belíssima, ou seja, um trabalho primoroso. 

Mas e a música? 

Contando com nove faixas (que receberam "um tapa"no áudio que deixou tudo ainda melhor), Urublues começa com a faixa que nomeia o grupo, que começa melancólica, mas que em seu decorrer, põe todo mundo pra curtir. Tem umas partes mais lentas muito bem sacadas e solos inteligentes. 

Flores Sob O Mal é aquele som que nos faz esquecer de todos os problemas do caos do mundo moderno, onde queremos apenas ouvir música boa e tomar um trago da sua bebida favorita.

O momento balada do disco fica por conta de Baby Blues, onde se imagina aquele monte de bêbados na frente do palco erguendo suas torres de chopp. Isso sem contar o solo emocionante. O Lado A do vinil se encerra com No Berço dos Allman, que é um instrumental denso e pesado, com várias passagens instigantes, num resultado que encheria os Allman Brothers de orgulho. Não sabe quem são "Os Allman"? Joga no Google e descobrirá.

O Lado B começa com Chegou a Hora, que flerta levemente com o hard rock/rock nacional, contando inclusive com um solo bem radiofônico, além de uma letra bem sacada, perfeita para os dias atuais. Momentos chama a atenção pelo início acústico, com uma levada bem southern rock, cujo resultado é uma balada guiada pela emoção e introspecção.

Desculpe Baby é bem pesadona e possui flertes com o funk/soul, lembrando Crosstown Traffic (Hendrix). Transplante é um blues rock delicioso onde nos colocamos até no lugar do personagem da canção graças a levada desse som.

Festa no Céu possui levada bluesy, mas descamba para o rock and roll, com uma levada que cola na alma e as citações aos "finados" conhaque São João da Barra, Robocop até o mestre Raulzito foram bem pensadas. Totalmente alto astral, coroa esse belíssimo trabalho, que faz por merecer ser ouvido por mais pessoas.

Link da resenha em vídeo: 

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