sábado, 27 de abril de 2024

Lord Amoth - The Last Funeral (2016)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Este é o primeiro e único full desta banda de Santa Catarina, que investe no black metal, unindo climas trabalhados a outros mais viscerais, com alguns momentos mais melódicos, graças ao uso dos teclados.

O curioso é que os caras não passaram pela fase das demos ou mesmo EPs, estreando logo com um album cheio. Visualmente chamam a atenção com um material gráfico muito bem feito, com um encarte caprichado e com todas as informações.

A parte musical você percebe as boas ideias e a vontade de trazer novidades ao estilo. Uma pena que a produção não ajudou muito, deixando tudo muito cru e descosturado em alguns momentos, como na faixa que abre o trabalho, Perversion Of The Goat, que chama a atenção pelos climas gélidos e agressivos. A seguinte, The Angel With Horns prevalece com o clima mais visceral, só que com algumas mudanças bruscas de andamento, onde vem na mente bandas como Circus Satanae por exemplo 

Já World Of Worms possui ritmo mais fúnebre e cadenciado, com alternância de vozes, comandada por teclados e ótimos solos. Welcome to my Funeral apresenta contrastes interessantes como o uso dos teclados com uma linha instrumental bem agressiva. Slaves Of Darkness recebe arranjos inusitados para o estilo, só que logo volta para a linha estilística da banda, climática, agonizante e carregada de morbidez.

Desire for Revenge and Thirst for Death une momentos agressivos e trabalhados, assim como a seguinte, The Revenge Of The Black Goat, só que essa possui uma bem vinda referência ao heavy metal tradicional, sendo a melhor do álbum. O CD se encerra com In The Shadows Of The Black Throne, que é bem climática e chama a atenção pelas vozes mais narradas.

Resumindo: uma banda com muitas ideias legais e com o principal elemento para que a mesma se destoe, a ousadia, mas que como disse linhas acima, esbarrou na produção, que embora tenha deixado tudo nítido, não deu a cancha que o material precisava.

Após este trabalho, os caras lançaram um split com a banda Obscurity Vision, outra formação bem conhecida do nosso cenário underground.

Link da resenha no YouTube:

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Arbach - Left Hand Path (2015)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Primeiro full dessa banda/duo goiana formada em 2004,  que investe no black metal mais tradicional, com alguns momentos mais trabalhados. Antes de chegar no primeiro álbum, lançaram demos/splits/EPs, até o lançamento de "Left Hand Path", viabilizado pelos selos Diabolic Records, Impaled Records, Misanthropic Records, I Hells Productions e Ad Baculum Records.

O álbum abre com uma intro bem "sinistrona" que cede o caminho para a faixa título, que começa com bumbos velozes e vozes gélidas, com um clima bem tenebroso e alguns momentos mais cadenciados. Angel Of Faith and Light também começa metendo os pés no peito do ouvinte, mas vai ficando mais trabalhadas, com destaque para os riffs, bem ríspidos e um final avassalador. 

Thirty Nine Lashes é veloz  (e quase) um tributo a escola nórdica do estilo, só que como uma grata surpresa, recebe partes mais lentas e mórbidas sensacionais. I Am The Goat soa diferente das anteriores, por ser mais cadenciada, soando como uma evocação. Já The Warriors Of Pagan Empire começa com uma bateria bem bate estaca, vozes agressivas até receber momentos quase épicos e vozes bem agonizantes.

A reta final do disco começa com Lucifer's Reign, que é climática, sem abrir mão da agressividade, que se transforma em um arrasa quarteirão onde se imagina que deve soar matadora ao vivo. Steel and The Stone (The Book Of Satan), imaginamos uma guerra entre exércitos e um deles sendo executado de forma impiedosa, onde mais uma vez os momentos trampados se destacam. 

The Hammer Of Heretics é a faixa que encerra o álbum com uma pegadinha. Nos faz imaginar que será uma faixa instrumental até que por volta dos dois minutos vem o vocal e um som com dinâmica visceral e cadenciada.

Para uma estreia em full, até que se saíram bem, mas com alguns detalhes que precisam ser melhorados. Em especial a bateria, que nas partes mais lentas e cadenciadas fica na média. Só que na hora da velocidade, soa bem repetitivo. Creio que são coisas que já devem ter sido aprimoradas. Pois após Left Hand Path, a horda já lançou um novo álbum e participou de splits e compilações.

Resenha do álbum no YouTube:

https://youtu.be/zU68YQBbhxI

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Infernal Inquisition - Sob o Obsesso Ocaso Lunar (2015)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Assim como o Incarceration, o Infernal Inquisition é uma banda que iniciou suas atividades aqui no Brasil e hoje está no exterior, mais precisamente nos Estados Unidos. Iniciaram sua caminhada em 2007 e, desde então lançaram demos, singles, EPs e o então único Full da banda, "Sob o Obsesso Ocaso Lunar" lançado em 2015 pelos selos Sulphur Records, Misanthropic Records e Sphera Noctis Records.

Apesar de ter as características de um grupo de black metal mais tradicional, a música do Infernal Inquisition soa mais ritualística, pois embora soe agressiva e malévola, o objetivo principal dos caras é conquistar o ouvinte. 

Dividido em duas partes, a primeira intitulada "Do Fétido Odor a Inexorável Serpente" se inicia com Mundos in Crypta, que é uma intro bem tétrica, que abre caminho para In Sepulto Cosmo Titânico, que tem a vibe ritualística, mesclando momentos mórbidos a outros mais viscerais, onde as vozes moribundas chamam a atenção, além do ótimo solo de guitarra.

Funesta Inocência Sufocada é raivosa, cuja fúria nos remete aos primórdios do estilo, que flertava com o rock and roll e o punk rock....mas, lembra da parada ritualística? Ela aparece aqui nos momentos mais cadenciados e trabalhados, até retomar o lado agressivo, que beira o death metal em alguns momentos.

Encerrando a primeira parte temos a lenta e mórbida Sobre a Águia e a Serpente, que ainda conta com vozes guturais e um clima bem desesperador.

A segunda parte, chamada "Vivos ao Fulgido Sarcasmo da Demência" começa com uma intro caótica e assustadora chamada O Berço do Exílio Solar Anti Humano. O som seguinte é a faixa título, que é lenta e com vozes doentias, possui um instrumental mais hipnótico, onde o caos impera, além de alguns momentos mais sinônimos.

Sórdida Cantos Ad Pazuzu começa bem doom com vozes mais guturais, até ganhar velocidade do grupo. O Algoz do Conhecimento é lenta e agonizante, unindo momentos mais viscerais, ate terminar de forma tétrica.

Uma ótima estreia, só que é importante dizer que faltou um maior esmero na qualidade da gravação, pois algumas passagens ficaram mais abruptas, mas nada que tire o brilho dos caras. 

 Resenha do álbum no YouTube:

https://youtu.be/lScXhNjDe_g

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Incarceration: Catharsis (2016)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Tendo como pilar central  Daniel da Silva (baixo/guitarra/vocal), a trajetória do Incarceration é no mínimo interessante. Pois teve origem no Amazonas e tem suas raízes vindas de outra banda, o Mortificy e hoje está radicada na Europa, mais precisamente na Alemanha. Essa caminhada, que já tem quatorze anos,  gerou splits, EPs e o tão esperado debut chamado "Catharsis", de 2016 e lançado aqui no Brasil pela Misanthropic Records.

Musicalmente estamos diante de um grupo que em teoria é rotulado de death metal, só que apesar das referências do metal da morte, recebe outras nuances, como o thrash e até o punk/hardcore da as caras, o que agrega personalidade e variedade no som.

Catharsis começa com The Beckoning, que é uma intro, que abre espaço para Evoking The Possession, que é bem agressiva e chama a atenção pelos vocais, que são berrados/gritados, ao invés dos guturais.

Devouring Darkness já é mais voltada ao thrash e ganha um surpreendente final mais hardcore, enquanto Internal Suffering é mais visceral e hecatômbica e soa como um murro no peito em quem está ouvindo o disquinho.

Chaos And Suffering começa meio que um thrashera bem trabalhada, com ótimos riffs/mudanças de andamento, que depois descamba para a violência sonora. Já Purification é uma espécie de interlúdio, que sugere um respiro aos nossos ouvidos e pescoços.

Obssessed by Death é pancadaria no melhor estilo death metal , onde é instantânea a vontade de agitar, com vozes mais vomitadas e que em seu decorrer recebe passagens thrash e um groove sensacional, enquanto Resignation é mais um interlúdio, só que acústico.

Into the Blackest Void é a mais longa do álbum, com quase oito minutos. Bem climática e cadenciada,  possui momentos de puro transe e agonizantes, sendo a faixa mais diferente do disco e que encerra o trabalho.

Após Catharsis e algumas mudanças de formação, lançou um split e mais um EP, batizado "Empiricism", de 2021, então, já está no momento de soltarem novos materiais.

Resumo da ópera: temos uma rapaziada que em nenhum momento faz questão de soar clichê ou repetitiva graças a facilidade em transitar por outros estilos.

Link da resenha em vídeo:
https://youtu.be/slQOlvgMYYg

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Chastain: In An Outrage (2004)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação
 

Oitavo álbum da carreira deste guitarrista
americano que desde a década de 1980 é conhecido no Brasil, graças a Rock Brigade, que lançou muitos trabalhos do músico por aqui 

Conhecido principalmente por sua fase instrumental e álbuns com a vocalista Leather Leone, que após sua saída, Chastain iniciou uma nova fase na carreira, mais pesada e moderna, que teve Kate French como peça chave nesse momento.

Podemos dizer que essa fase teve uma trilogia com excelentes álbuns: Sick Society (1995), In Desmentia (1997) e o protagonista de hoje: In An Outrage (2004).

Ao adquirir esse álbum, posso me considerar um felizardo, pois fechei essa trinca vitoriosa desse as das seis cordas, que infelizmente, pelo menos aqui no Brasil, é um talento subestimado. Falando da parte musical, o disco é super pesado, pique bem thrash, com uma timbragem moderna e flertes com o heavy/power/Hard com Kate dando um show com seu timbre potente e rouco.

O álbum abre com a faixa título, que é aquele momento que incendeia a galera. Pesada, dinâmica, muitas mudanças rítmicas e um show da dupla Chastain/French. Malicious Pigs é quebradona com uma linha vocal perfeita, num pique totalmente thrash, inclusive os solos, além de um Groove sensacional.

Lucky to be Alive é mais sombria, sem abrir mão do peso, onde remete o ouvinte aos tempos de Sick Society. Souls The Sun começa bem melódica com uma leve influência da música oriental, além de um ritmo mais cadenciado e linhas de voz mais discursadas/faladas.

Bullet From a Gun retoma o lado mais agressivo, em especial nos riffs e vozes, que vão do sombrio ao extremo, além de solos bem modernos. Women are Wicked começa bem inspirada nos anos 70, com solos de baixo/bateria e ritmo cadenciado e épico em alguns momentos.

Tortured Love é lenta e pesadona, onde mais uma vez Kate rouba a cena, além de solos no melhor estilo metal tradicional. New Begginings possui vozes mais dramáticas e ganha momentos melódicos e ritmo mais cadenciado e passagens lentas alternadas a outras mais velozes.

Rule The World é cheia de mudanças rítmicas. Mesclando o heavy/thrash pesadão e momentos que você não sabe se emula os riffs ou acompanha as letras no encarte. Hamunaptra é mais um momento com climas orientais e um clima bem caótico, encerrando este que é o melhor dos álbuns desta parceria com Kate French.

In An Outrage é um disco sem erros, que passadas duas décadas, é prazeroso de ouvir e sem dúvida um dos melhores álbuns que o guitarrista gravou é quem sabe ele não convida Kate pra gravar mais um álbum. 

Fico na torcida....

Link da resenha em vídeo:

terça-feira, 9 de abril de 2024

Ad Baculum: The Kingdom Bellow (2023)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 


Estamos diante de uma das bandas mais produtivas do Brasil quando falamos de black metal. Para você leitor ter uma ideia, em quatorze anos de existência, o Ad Baculum possui um álbum ao vivo e sete de estúdio , tendo como recente criação, "The Kingdom Bellow", lançado em 2023, pela Mutilation Records.

Além da discografia extensa, o Ad Baculum chama a atenção por sua formação, que conta com músicos veteranos do underground baiano, que figuram/figuravam em bandas como Poisonous, Trucidator e Mystifier. Deste último, veio o vocalista Lord Hades, que na época usava o pseudônimo Meugninousoan.

Contando com uma belíssima capa, projeto gráfico (inclusive com OBI), e uma ótima produção, chama a atenção a linha musical adotada pelo trio. Um mix de death/thrash/black/doom das décadas de 80/90, chamando a atenção por fazer um som mais cru e direto, só que de forma coesa sem soar tosco.

The Kingdom Bellow começa com Cosmic Horror, que soa bem brutal, tendo alguns momentos cadenciados, inspirados no death/thrash, lembrando as bandas que a Woodstock lançava por aqui nos anos 80. Alucinações começa mais cadenciada e perfeita para os palcos, enquanto a faixa título é carregada de morbidez e quando menos se percebe se transforma num panzer, derrubando tudo o que vem pela frente.

Aghory Sadus é digamos, mais intimista, onde aquele momento de bangers fica em segundo plano, ao contrário da seguinte, Demons of The Sea, que soa agressiva e visceral. Zumbie Epidemic (ela está grafada dessa forma) começa mais voltada ao death metal, onde é instantâneo o sentimento de caos e desespero, onde se imagina um confronto entre as nações.

The Wrath of Marduck and a fall of The Sumerian Civilization (também grafada dessa forma) mantém a vibe agressiva, nos remetendo as primeiras bandas extremas nacionais, como Vulcano e as primeiras bandas lançadas pela Cogumelo. O álbum encerra com Erebus, The Darkness, onde o massacre continua sem do nem piedade. Só que em seu decorrer ganha passagens trabalhadas bem interessantes, até nossos pescoços serem castigados novamente, até acabar de forma mais lenta e mórbida.

Apesar de alguns erros no encarte e na formatação do mesmo, os caras se saíram muito bem, apostando numa sonoridade mais básica e coesa.

Link da resenha em vídeo:

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Carpatus: Magna Umbra (2023/2024)

Por João Messias Jr. 
Imagem: Divulgação 

Para aqueles que não conhecem a banda, ela já possui seus vinte e cinco anos de estrada e está em seu quinto álbum de estúdio.

Magna Umbra, que numa tradução livre é algo  como "grande sombra", é a mais recente obra da hoje one man band formada por Dizruptor (vocal/guitarra/baixo) - a bateria foi gravada por Jack Ferrante (Vulthum, Seventh Seal), aposta numa digamos "nova" vertente do black metal, o black metal progressivo, ao lado dos noruegueses do Djevel.

Mas que diabos seria isso? Apesar de uma música sombria, agressiva e obscura, recebe momentos complexos, bem construídos e produzidos, sem abrir mão da essência maléfica.

A descrição acima bate com Black Abyss is Calling, faixa de abertura do álbum, que possui um videoclipe legal e dinâmico. Em seguida temos Dreaming Visions Of The Apocalypse, que começa mais bombástica e possui uma atmosfera fúnebre, que chama a atenção pela morbidez e bateria extremamente veloz e variada.

Anoitecer Púrpura/At The Fading Light Of Last Dust começa bem melódica/arrastada, com vozes desesperadoras, soando como um rito de iniciação e, de uma forma marota, o som ganha momentos mais trabalhados.

Pelas Sombras do Vale da Morte: o lado mais veloz e extremo do álbum está de volta, onde mais uma vez digo: estamos diante de mais uma evidência de que o idioma não é barreira quando a música é boa. Voltando a falar da canção, a mesma possui momentos agonizantes, progressivos, tudo sobre uma aura ritualística.

Descente to Solitude é mais um momento do álbum que chama a atenção pelas mudanças de andamento, além de muitas partes cadenciadas e melodias pra lá de bem vindas, afinal, estamos diante de um disco de black metal progressivo.

Um caminho longo e sombrio é acústica, uma espécie de "outro", num belo momento de Magna Umbra, onde não sentimos o tempo passar e bate aquele sentimento de ouvir o álbum novamente. E caso você tenha a versão física: olhe detalhadamente para a capa e sentirá toda a atmosfera do álbum.

Link da resenha em vídeo: de 
https://youtu.be/GKFivONL2-Ul

Dirty Grave: Sin After Death (2019/2024)

Por João Messias Jr. Imagem: Divulgação   São onze anos de estrada deste trio, que começou as atividades no interior de São Paulo e hoje est...