Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação
Diferente dos anos 80, que ficou mais caracterizada por ter estilos mais "puros", a década seguinte foi uma época mais híbrida, que acabou gerando diversas fusões como o funk metal (surgiu anos antes na verdade), o mix de rock com ritmos regionais (Chico Science/Planet Hemp) e o amado/odiado new metal, que lançou muita coisa boa, diga-se de passagem.
E dentre tantas outras bandas que trilharam pela mistureba ao invés do purismo foi a galera do Pakdermes, que em 1998 soltou o álbum "Escuta o Cheiro", que em 2022 ganhou uma nova versão em CD, acompanhada de faixas bônus.
Ouvindo o material, percebemos que assim como o Menace (banda resenhada no início da semana), mereciam melhor sorte, pois o crossover de hardcore, metal e coisinhas aqui e ali é contagiante.
Falando um pouquinho das faixas, o álbum abre com o som que nomeia a banda, que é um crossover cheio de gingas/groove, num encontro inusitado de Cro-Mags, Slayer e Black Sabbath.
Porcos Inconscientes já tem um pique bem hardcore, enquanto Grite Alto vem na mente os cotovelos ao céu e toques do gueto, muito foda por sinal.
Papos Ideológicos chama a atenção pelos grooves e a referência do rap, mas tudo muito pesado e envolvente. Já Frieira é um hardcore veloz e direto.
Cirrose Hepática que é meio pegadinha, pois os riffs sugerem algo de Nuclear Assault/Pro Pain, mas vira puro peso cadenciado com vozes discutidas. Sai Pra Lá vem na mesma vibe da anterior.
O melhor momento do álbum fica por conta de Mané Garrincha cuja levada cadenciada sugere a "hora do mosh", com vozes próximas do hip hop com momentos de puro groove/swing. Brasileirinho temos de volta a levada direta e reta.
Manuska encerra o tracklist "normal" do álbum, mesclando o lado trampando do thrash, com a sujeira do hardcore, com muitas mudanças de andamento pra lá de interessante.
As últimas faixas do álbum, Sodoma e Gospel é a PQP originalmente fazem parte do compacto Os Grãos e mostra uma banda com menos amarras as referências, com destaque para a última, por soar como uma balada thrash a lá Metallica/Testament, com ótimos solos inclusive.
Um material interessante para a galera que quer sacar os tesouros perdidos do rock nacional na década de 1990.
Link da resenha em vídeo:
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