quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Dirty Grave: Sin After Death (2019/2024)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

São onze anos de estrada deste trio, que começou as atividades no interior de São Paulo e hoje está  radicada em Minas Gerais. Adeptos do stoner/doom, lançaram dois álbuns, sendo que o mais recente, Sin After Death, originalmente lançado em 2019, foi relançado em 2024 via Eclypsis Lunarys Productions, selo que vem fazendo um importante trabalho pela música soturna nacional.

Apresentações feitas, vamos falar do álbum, que começa com a longa In This Night, que durante seus oito minutos, apresenta muito peso, cadência e momentos instigantes. Slaughter (Human Race is Dead) mescla hard e stoner, com partes que lembra a saudosa Nymphs e em seu decorrer mescla de forma homogênea Mercyful Fate e Alice Cooper.

Turn off All My Fears tem uma levada dançante irresistível, que destaca a coesão dos músicos. Lord Of The Pain esbarra no sludge de tão pesado e Satan Wings II (I Saw The Devil) tem partes voltadas ao thrash e hardcore mescladas as viagens do trio.

A reta final do álbum vem com Disposable Toys é um tributo ao Black Sabbath, Slow Journey é trabalhada com um ótimo trabalho de guitarras e o encerramento com When Lucifer Touches Your Soul, que é densa, pesada e arrastada em meio aos dez minutos de duração.

Um ótimo trabalho que nos deixa animados para novos materiais do trio.

Link da resenha no YouTube:

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Armum: Legions of Chaos (2022)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

 trio goiano possui quatorze anos de estrada e "Demons of Hate", nosso objeto de estudo, é o segundo álbum da banda, lançado em 2022, via Brutaller Records e Mundo Metal. Adeptos do brutal death metal, não decepcionam e apresentam um resultado bem coeso e vencedor.

O massacre tem início com The Search of Chaos, que como disse acima aposta no metal da morte feito no novo milênio, mostrando segurança, graças aos climas quebrados e intrincados. Murder of the King é pesada e cadenciada, enquanto Blasphemy Metal é bem esmaga crânio, além de caprichar na morbidez.

God Genocidal alterna ritmos mais lentos a outros velozes e Religion that Kills é bem trabalhada e brutal. Já Rotten Mind vem transbordando ódio, onde os vocais chamam a atenção, por serem extremamente brutais e ao mesmo tempo nítidos. 

A reta final do álbum vem com Rotten Mind, que possui um início bem influenciado pelo thrash, que fundiu de forma homogênea com a pegada mais brutal que executam e Order to Kill (666) é direta e mortífera, além de ter o baixo em evidência, ganha momentos de puro banging até encerrar o álbum de forma brutal.

Um ótimo disco que é uma ótima pedida aos fãs fãs vertentes mais brutais. As redes sociais da banda não apresentam muitas novidades, a exceção de que músicos estão na Europa e montaram um novo grupo, chamado Chaos Gory. 

Resenha do álbum.no YouTube:

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Mortal Profecia: From The Ashes (2024)

Por João Messias.Jr.
Imagem: Divulgação 

O Mortal Profecia é uma banda que começou a caminhada no fim da década de 1980 e desde então lançou demos, singles, EPs, fez muitos shows e passou por idas e vindas. Porém, faltava o Full para coroar sua trajetória, fato que se concretizou com o lançamento de "From The Ashes".

Lançado em parceria com os selos Arsenal Distro e Black Hearts Records, o trabalho bebe na fonte do death metal old school, aquele de pegada mais crua, além de flertes com o thrash e o doom. O mais legal disso é que apesar da fidelidade, nada soa datado.

O álbum começa com a faixa título, que é bem trabalhada, mesclando momentos velozes e mórbidos. Morbid Feelings possui muito groove e alguns arranjos mais quebrados que chamam a atenção. Your Last Day (In Death Row) é um dos pontos altos do CD, graças ao seu refrão apoteótico, que deve soar matador ao vivo.

Cannibal Nation é aquele momento de arrebentar pescoços, enquanto Cancer é mais voltada ao thrash. The Torture House chama a atenção pela bateria bem veloz e linhas de voz instigantes. Reign Of Violence é aquele momento que todo bangers gosta quando vai aos shows, pois a sensação de mosh é inevitável.

Rotten Intestines on The Table é um verdadeiro tributo ao metal da morte feito nos 90, enquanto Doctor Hangman possui momentos mais sombrios e Human Deterioration começa  com um groove bem sacado e no decorrer ganha partes lentas e cadenciadas até chegar na velocidade da luz, encerrando o ótimo debut do quarteto.

Uma vitória da persistência de uma banda que superou adversidades e que deixa agora um album que fará a alegria dos fãs dessa vertente mais agressiva do metal, que fez e ainda faz a alegria de muitos camisas pretas.

Link da resenha no YouTube:

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Infamous Glory: Algor Mortis (2024)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Confesso a vocês que esse lance de ser eclético é algo bacana e de certa forma, rejuvenescedor, só que seria hipocrisia da minha parte dizer que gosto de todos os estilos musicais de forma homogênea. É natural quando uma vertente bate mais forte no coração, como o death metal, que fez eu conhecer o que era o underground.

Hoje vamos falar de uma banda que já faz por merecer um lugar entre as maiores do Brasil e exterior, a Infamous Glory, que tem vinte e cinco anos de estrada, se apresentou com grandes nomes da música extrema nacional e internacional e recentemente soltou o terceiro full da carreira, chamado "Algor Mortis", que chama a atenção pela lindíssima capa feita por Tyler Pellington e produzido por Rodrigo Couto.

Inspirados pelo death metal americano praticado na década de 1990, o quinteto usa essa base e insere elementos melódicos e trabalhados, fazendo uma mistura única e irresistível, cujo resultado é um disco intenso e feito pra bater cabeça. Corpse Fauna da início ao massacre, com um ritmo mais cadenciado e partes doom. Beast in the Cave é um verdadeiro esmaga crânio, assim como The Nameless One.

In The Cold Mist Of Death é puro mosh, enquanto Collapse Of Sanity é bem doom e assustadora. The Ruthless Inferno é bem trabalhada, tendo referências do heavy e thrash, que aos poucos se transforma num rolo compressor. Praising to None judia dos nossos pescoços de forma avassaladora, além de possuir riffs irresistíveis. The Gathering Of Flagellation é um interlúdio caótico que dá uma "de trégua" momentânea.

A reta final do trabalho chega em The House That Flesh Built que soa como um verdadeiro tributo as raízes do estilo, enquanto Astral Cleasing é mórbida, carregada, recheada de momentos doom e vocais flertando com o black metal, tendo um final bem brutal, que joga a última pá de cal em nossos corpos.

Algor Mortis não será apenas presença constante nas listinhas de melhores álbuns de 2024, também um dos grandes trabalhos death lançados nos últimos anos.

Resenha do álbum no YouTube:

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Jason: Disforme (2023)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

A história do Jason começa um pouquinho antes, com a banda de rap/core/metal Poindexter, que ao lado de formações como Resist Control e Anões de Jardim se tornaram referência do cenário hardcore da década de 1990. Com o fim da banda, alguns de seus integrantes montaram o Jason, cuja trajetória possui vinte e seis anos, tendo como registro mais recente o álbum Disforme, que na verdade são a junção de dois EPs de mesmo nome lançados em 2019 e 2022.

Uma sabia decisão de terem compilado esse material em vinil, dedicando cada lado a um dos trabalhos e mostrando como a música dos caras são atemporal. Sem abrir mão do hardcore do início de carreira, o quarteto abriu o leque de referências e hoje temos momentos que vão do alternativo, industrial, pop, sludge e post metal, mix pesado,  hipnotizante, tendo como um dos diferenciais as letras mais existenciais e reflexivas.

O lado A tem início com Teorema de Diaboras, que une as batidas mais retas do hardcore com climas mais apocalípticos, enquanto Meu Bom Humor Não Cabe Além do Meu Sofá é mais minimalistas. Já Cavalo de Prata é mais perturbadora com toques bem experimentais. Elevador remete o ouvinte a bandas como Queens Of Stone Age e Lagrimarábica é bem contagiante com um que do pós punk oitentista.

Passou o Temporal é desesperadora com uns climas etéreos, encerrando o primeiro lado do vinil. O segundo lado começa com Dentes que é quebrado a e pesada, assim como a seguinte, Sujeira Particular. Que Nem Caetano é perturbadora,  enquanto Mar Gelado lembra bandas como Mastodon. O disco se encerra com A Menina que Roubava Vidas que faz um mix interessante de Doom com aquelas cadências noventistas, sendo um elo entre o Crowbar e Radiohead.

Um belo álbum de uma banda que merecia figurar no mainstream do rock nacional, por ser original, criativa e o mais importante, com algo a dizer, sem ficar militando ou idolatrando gringo. 

Link da resenha no YouTube: https://youtu.be/QIYnmR-DlYc


terça-feira, 5 de novembro de 2024

Lōtico: Oran (2023)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Hoje o papo será sobre um estilo que é adorado pelos mais jovens e não tão digerido pelos trues: o post metal. Falando de uma forma mais resumida, se restringe na fusão de estilos como o rock alternativo, industrial e progressivo (neo e o mais metálico) e se caracteriza por ambiências, peso e minimalismo possui grande aceitação fora do país e por aqui tem como nome de destaque os paulistas do Labirinto.

Mas não será sobre eles o assunto de hoje, e sim do Lōtico, banda paulista formada em 2021, que dois anos depois, soltou o EP Oran, que se caracteriza por músicas longas, climas caóticos e um clima introspectivo. Composto de cinco faixas, o disquinho tem início com Cerimônia, que se caracteriza por um longo instrumental lento e pesado, unindo climas que vão do caótico ao etéreo.

Indulgência é dona de ritmos quebrados e vozes desesperadoras, alternando vozes limpas e outras mais guturais, enquanto Trono possui passagens atmosféricas, onde vem a mente os estilos que falamos nos primeiros parágrafos, com destaque para o industrial e alternativo. 

Já a faixa título é um interlúdio denso e enigmático, que abre caminho para Desdém, que é extremamente raivosa,  brutal e cheia de ambiências até chegar em Sazonal, que encerra o álbum, com um pique mais experimental e ao mesmo tempo desesperador e melancólico, que recebe um final caótico e veloz.

Um álbum muito, mas muito legal, que tem tudo para agradar a rapaziada mais eclética e de mente aberta e dificilmente cairá no gosto da galera do espectro oitentista e cartilhas.

Link da resenha no YouTube: https://youtu.be/jaJtmzCrkoE

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Muzzarelas: Beer and Destroy (2021)

Por João Messias Jr.
Imagem: Divulgação 

Beer and Destroy é (infelizmente) o último álbum do Muzzarelas, que para aqueles que não conhecem, foi formada em 1991, lançou vários álbuns e participou de  um bom número cd coletâneas, se apresentou por muitos cantos e talvez se fosse uma banda gringa, teria colhido maiores frutos, mas pelo menos o quinteto pode se orgulhar de terem deixado um legado de orgulho.

Donos de um som híbrido, que tem base no hardcore, mas que bebe muito no punk rock, hard rock, thrash metal e crossover, fizeram um álbum póstumo digno de elogios. Tendo como base sons energéticos e feitos para serem executados ao vivo, o CD começa com a faixa título, dona de uma rifferama thrash, batidas secas e muitos coros. Teenage Anticristo segue os compassos tradicionais do punk 77. 

Beer Before Dishonor possui uma levada irresistível de guitarras, que contagia de cara, além de uma pegada mais cadenciada. Shit Fight carrega uma rifferama infernal e Stage Invader é bem pesada com baixão marcante que se transforma num hardcore visceral e backings bem sacados. Ratburgerking é aquele punkão de primeira, mas feito na linha da banda, onde duas coisas chamam a atenção: a vibe dançante e vozes de fundo a lá Johnny Rotten (Sex Pistols), que ficaram sensacionais.

Everyday is a Holiday capta logo de primeira, enquanto In The Beak Of The Crow é puro Hard inspirado em Alice Cooper e I don't Wanna be With You Tonight é um poppy punk irresistível. Já Chocolator mete o pé no peito do ouvinte e Fuck You, Gimme Bear, Let's Dance faz nossos braços e pernas se mover de forma instantânea.

Smegma Boy, assim como o nome é uma das mais estranhas do álbum. Pois recebe muitas referências do metal tradicional, só que "cantada pelo Johnny Rotten", que ficou estupenda. Arriba Cerveja é uma divertida vinheta que encerra o álbum no maior alto astral, onde refletimos por que uma banda como Muzzarelas não teve melhor retorno (financeiro) na carreira.

Link da resenha no YouTube:

Dirty Grave: Sin After Death (2019/2024)

Por João Messias Jr. Imagem: Divulgação   São onze anos de estrada deste trio, que começou as atividades no interior de São Paulo e hoje est...